Há um consenso entre historiadores, hoje, de que, como Jesus Cristo era um judeu do Oriente Médio de 2 mil anos atrás, ele tinha, provavelmente, compleição escura.
Em 2001, a BBC produziu um documentário chamado “Filho de Deus”, baseado na descoberta, na Palestina, de um crânio do século I.
O estudioso do Novo Testamento Mark Goodacre foi o responsável pelas pesquisas a respeito da aparência do cabelo e da cor da pele daquela pessoa.
“As representações artísticas ao longo dos séculos têm uma variação total de Jesus e nenhuma é acurada”, diz ele. De acordo com Goodacre, o cabelo foi fácil.
“Há uma referência em Paulo que diz que é vergonhoso para um homem usar cabelo comprido, de modo que parece quase certo que as pessoas desse período tinham de ter cabelo razoavelmente curto. As representações tradicionais de Jesus com uma longa cabeleira dourada são completamente imprecisas”.
As primeiras pinturas retratando judeus, que datam do século III, mostram pessoas de pele escura. “Na linguagem contemporânea, é mais seguro falar de Jesus como um ‘homem de cor’, o que significa cor de ‘azeitona’”.
Com o passar dos séculos, surgiu a imagem de JC como um europeu típico, pintado por Rubens, Grünewald, Giotto.
Leonardo da Vinci e Michelangelo consagraram uma figura atlética e vencedora, coerente com o tempo em que igreja conquistava o mundo. Em 1941, o artista Warner Sallman pintou JC como um legítimo americano.
As descobertas da equipe do professor Goodacre, que resultaram num “retrato falado”, foram ignoradas pela igreja católica.
No Brasil, qualquer minissérie sobre JC feita pela TV Record tem um ator branco no papel principal — o que é compreensível num país em que não há protagonista negro nem na novela das 6.
Neste Natal, o lindão Robert Powell, com seus olhos da cor do Mediterrâneo, estará na TV de novo na velha cinebiografia de Zeffirelli que passa todo Natal.
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“A representação tradicional de Cristo produz uma desconexão cognitiva em que um indivíduo pode sentir um grande afeto por Jesus e, ao mesmo tempo, demonstrar pouca empatia por uma pessoa do Oriente Médio”, diz Robyn J. Whitaker, professora de Novo Testamento no Pilgrim Theological College da Universidade de Divinity, na Austrália.
“Da mesma forma, a afirmação teológica de que os seres humanos foram criados à imagem e semelhança de Deus tem consequências: se Deus é sempre representado como um homem branco, por padrão os homens serão brancos, uma ideia subjacente a um racismo latente”.
Uma coisa é certa: se o Jesus histórico aparecesse por aqui, seria mal atendido nas lojas do shopping Iguatemi, teria dificuldade de pegar um táxi à noite e acabaria morto pela polícia, para alegria dos bolsonaristas.
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