A surra de sensatez de Fafá de Belém em Damares Alves

Atualizado em 29 de julho de 2019 às 8:38
A ministra não perde a chance

Parece que, quando se é considerada decididamente uma piada pronta, qualquer absurdo é esperado e tolerado. Por isso, desconfio, é tão difícil falar sério com a Ministra da Mulher e dos Direitos Humanos Damares Alves.

Fafá de Belém, no entanto, conseguiu. Tão séria quanto assertiva.

Ela publicou em suas redes sociais um vídeo em que repudia as declarações de Damares sobre os casos de exploração sexual na Ilha de Marajó, no Pará.

“Especialistas chegaram a falar para nós que as meninas lá são exploradas porque elas não têm calcinhas, elas não usam calcinha porque são pobres”, disse a Ministra sobre a situação de abandono e exploração em que vivem crianças e adolescentes da Ilha de Marajó.

Gênia, competente e conhecedora das mazelas de seu país.

Até Alexandre Frota rebateu o absurdo:“Eu já ouvi muita coisa nessa vida mas a Ministra Damares superou tudo. Na Ilha do Marajó casos absurdos de estupro vem acontecendo e a Ministra foi até lá mas não criou uma força tarefa com justiça e Polícia, ela disse que precisaria construir na ilha uma fábrica de calcinhas”.

Se os seus comentários são demais até pro Alexandre Frota, é hora de se aposentar – embora, convenhamos, vaia de bêbado não conte.

Já a fala cirúrgica da cantora Fafá de Belém – que aparentemente só abre a boca quando tem certeza – é mais do que necessária quando uma Ministra dos Direitos Humanos dispara absurdos irresponsáveis e sem sentido.

“Tenho ficado horrorizada com as declarações que tenho lido da ministra Damares em relação às nossas meninas balseiras. Este drama é uma tragédia urbana sem precedentes. São meninas que são negociada com 10, 11 ou 12 anos. O uso sexual dessas meninas é trocado por dinheiro, alimento ou mantimentos. É um caso seríssimo”

Essa é, enfim, a esperança de qualquer um que ainda enxerga uma luz no fim do túnel: as vozes da sensatez estão vivas, e se manifestam sempre que necessário.

E, honestamente, nenhum brasileiro é obrigado a viver como se fosse OK ter uma Ministra que quer combater (quer?) abuso sexual com fábrica de calcinhas só porque sua figura no mínimo excêntrica é resultado de uma história de traumas.

O Brasil não tem culpa se Damares não aceita ir ao psicólogo.