A vacina torna urgente que Bolsonaro pague pela morte de quem tomou sua cloroquina, como meu amigo Renan

Atualizado em 9 de dezembro de 2020 às 20:04
Renan Antunes de Oliveira

A morte dos brasileiros na pandemia nunca foi fruto só da incompetência de Bolsonaro, mas de um projeto.

O caso da torcida contra a vacina escancara a tragédia nacional.

Enquanto os ingleses começam a tomar a dose contra a covid-19, nós assistimos a sabotagem da Anvisa e a briga de Pazuello com Doria — outro oportunista.

Famílias enterram seus entes queridos sem velório enquanto um psicopata inaugura uma exposição de roupas com a mulher.

Quantas mortes teriam sido evitadas se não tivéssemos no comando um sujeito incapaz de sentir empatia?

Bolsonaro matou meu amigo Renan. Essa conta é dele.

Renan é um entre quase 180 mil pessoas cuja história precisa ser contada para que o responsável por seu desaparecimento pague por isso.

Faleceu na manhã do dia 19 de abril, aos 71 anos, de desespero.

Sim, desespero por achar que tinha covid-19 e tomar, por orientação médica, o coquetel de cloroquina e azitromicina.

Estava com a imunidade baixa após um transplante de rim e contraiu um patógeno.

A equipe que o atendia no Imperial Hospital de Caridade, em Florianópolis, suspeitou que fosse o coronavírus.

Mandaram que ele fosse para casa com essas bombas, sem qualquer possibilidade de socorro se houvesse um problema.

Sabiam que ele tomava imunossupressores na qualidade de transplantado, mas mesmo assim lhe deram o veneno.

No quinto dia, teve uma parada cardíaca e não resistiu.

Na véspera, o resultado do exame: negativo.

A vacinação começa e uma esperança surge no horizonte.

Um escroque tentou vender uma medicação ineficaz, receitada por milhares de profissionais de saúde país afora.

“Tem luz no fim do túnel”, diz a brasileira vacinada na Grã-Bretanha.

Não houve tempo para Renan e outros verem-na porque ficaram à mercê do senhor das trevas e seus cúmplices.

Em outros tempos, ele seria, talvez, pendurado de cabeça para baixo pela multidão revoltada. Espero que não cheguemos a tanto.

A Justiça vai se encarregar de não deixar esse crime sair de graça.