“Uma tragédia anunciada”, diz Thiago Alves, integrante do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), sobre o rompimento da barragem Mina do Feijão, da mineradora Vale.
Até o momento, há cerca de 200 desaparecidos no município de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Perspectivas apontam que o número de desaparecidos pode subir para 600 pessoas.
O rompimento da barragem ocorre pouco mais de três anos do crime ambiental em Mariana, também em Minas Gerais – acidente que, em novembro de 2015, liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração na região e deixou 19 mortos, após o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, da qual a Vale é uma das donas, em conjunto com a BHP Billiton.
A mineradora fechou acordo com o Ministério Público de Minas para o pagamento de indenizações, mas ação na Justiça Federal ainda não teve julgamento.
Para Alves, assim como ocorreu no caso de Mariana, a Vale não irá assumir responsabilidades sobre o rompimento.
“A Vale, mais uma vez, vai atuar para esconder seu crime. Criar uma narrativa de que foi um acidente, que esse tipo de coisa acontece, como foi o caso de Mariana, além de construir uma narrativa na imprensa e com as instituições, principalmente os governos”.
Ele acrescenta que a não reparação das vítimas do crime da Samarco, assim como a não responsabilização da empresa, permite que um modelo predatório de mineração continue se expandindo na região.
“A impunidade do crime de Mariana dá mais espaço e oportunidade para outros crimes. A forma com que as empresas atuam, especialmente a Vale, no contexto do crime de Mariana, e como a Justiça brasileira atua do lado das empresas, cria espaços e oportunidades para mais uma tragédia”, declara o integrante do MAB.
“A impunidade do crime de Mariana permitiu mais uma tragédia anunciada”, lamenta.
(…)