A incansável presença de Silvio Santos, 93 anos, nas telas brasileiras tornou-se um elemento tão constante quanto intrigante. O comunicador parece viver em um palco eterno, onde a cortina se recusa a fechar.
Mas até quando isso é benéfico? Recentemente, Silvio deu entrada no hospital Albert Einstein para a realização de exames, segundo confirmado pela assessoria do SBT. Apesar da tranquilidade inicial transmitida, o episódio despertou especulações e preocupações sobre sua real condição de saúde.
Em um comunicado divulgado por Patrícia Abravanel, sua filha e também apresentadora, foi afirmado que Silvio não está em estado crítico. Qualquer pessoa de 93 anos num hospital corre risco de morte.
No entanto, o fato de seguir internado “apenas para cuidados médicos necessários” levanta questionamentos sobre a transparência do SBT e da família Abravanel. A comunicação do estado de saúde dessa figura tem sido nebulosa, em um possível esforço para manter a imagem imaculada do suposto “patriarca” da televisão brasileira.
A insistência de Silvio em não passar o bastão e de sua emissora mentir é um reflexo não apenas de seu caráter, mas de uma cultura que idolatra a figura do eterno jovem, do incansável trabalhador. Essa negação do inevitável envelhecimento e das limitações que ele traz consigo é ridícula, mas dá dinheiro e audiência.
O SBT, ao manipular as narrativas sobre a saúde do patrão, não está prestando um serviço à verdade, nem aos milhões de telespectadores que cresceram assistindo o sujeito aos domingos. A falta de clareza e a emissão de comunicados que mais confundem do que explicam são dignos de um puxa-saco histórico da ditadura militar, que conseguiu a concessão de TV pendurado no saco do último general do regime militar, o cavalo João Figueiredo.
Seria mais honroso, tanto para Silvio Santos quanto para o SBT, enfrentar a realidade, permitindo que ele se retire quando necessário, e transmitindo isso ao público com honestidade. A verdade é que Silvio Santos não é apenas um apresentador; ele é um fenômeno cultural da mentira e da ilusão. Mas até os fenômenos precisam, eventualmente, descansar, por mais ridículas que sejam suas perucas e dentaduras.