Um filme novo trata de um dos maiores escândalos sexuais da velha Inglaterra. O caso ocorreu há mais de 200 anos, mas é ainda riquíssimo em ensinamentos, e é por isso que trato do assunto. O nome do filme é A Vida Escandalosa de Lady W.
W vem de Worsley, o nome do aristocrático marido com quem a protagonista, riquíssima, se casou aos 17 anos, numa época em que as mulheres eram tratadas como propriedade de seus maridos.
Ela é interpretada por Natalie Dormer, de Tudors e Game of Thrones.
O marido de Lady Worsley tinha uma peculiaridade. Era voyeur. Gostava particularmente de vê-la na cama com outros homens. Contemplava o espetáculo pela fechadura da porta enquanto se masturbava.
Lady Worsley, para agradá-lo, aceitou. Segundo rumores da época, ela teve 26 amantes sob o estímulo marital.
Mas havia um problema.
A fantasia sexual de Lord Worsley não dizia nada para ela. Para ela, era apenas uma forma de agradá-lo.
Aconteceu o que era previsto. Ela se apaixonou por um dos homens que seu marido lhe empurrou.
Ela poderia manter o arranjo, caso quisesse. Mas queria uma relação exclusiva com o amante. E então fugiu com ele, em busca de um casamento convencional.
O marido, revoltado, foi à Justiça. Pediu uma indenização milionária do casal.
O julgamento foi sensacional. Chacoalhou a Londres do final do século 18.
Os depoimentos dos que conheciam a história por dentro – das empregadas aos amantes – coincidiram numa coisa. Não foi ela que buscou os outros homens. Foi o marido quem praticamente os enfiou na cama dela.
Numa sentença de enorme significado, o juiz, ao final, concede uma indenização de 1 shilling ao queixoso. Imagine 1 real nos dias de hoje: é mais ou menos isso.
O ensinamento eterno desse tipo de caso é que fantasias sexuais extravagantes só funcionam quando são compartilhadas.
Lorde Worsley era um libertino. Lady Worsley, não.
Não podia dar certo, e não deu.
Meu Tio Fabio, um homem sábio do interior, dizia: “Perversões são como tango: só a dois.”
Tio Fabio estava certo, como sempre.