Abin de Bolsonaro também usava microfones, câmeras escondidas, drones e malwares, dizem servidores

Atualizado em 4 de março de 2024 às 8:42
A sede da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) — Foto: reprodução

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) está sob investigação da Polícia Federal (PF) devido ao uso de diversas ferramentas de monitoramento, incluindo um sistema de rastreamento de localização, microfones direcionais, câmeras ocultas, drones e malwares (programas maliciosos), durante o governo Bolsonaro, conforme informações do jornal O Globo.

De acordo com uma investigação interna da Abin, em 2021, um servidor revelou que a agência, liderada por Alexandre Ramagem, atual deputado federal, adquiriu drones para operações de vigilância nas superintendências regionais, sem especificar claramente os limites de sua utilização.

No entanto, ao receber os drones, as unidades estaduais da Abin constataram que os servidores não estavam familiarizados com o manuseio do equipamento, o que poderia expor a agência a potenciais “riscos de segurança”. Os drones foram devolvidos à sede da Abin, em Brasília, onde os agentes passaram por um curso de pilotagem.

No mesmo ano, um drone da Abin foi avistado sobrevoando as proximidades da residência do então governador do Ceará, Camilo Santana (PT), que agora ocupa o cargo de ministro da Educação. Os seguranças identificaram o piloto como um membro da agência.

Após a descoberta da operação, a Abin iniciou um processo administrativo. Em sua defesa, um oficial de inteligência, sujeito à investigação, alegou que o uso do drone foi uma ordem de Ramagem e outros diretores.

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Ramagem e Bolsonaro. Foto: reprodução

Em depoimento à PF, um funcionário da Abin revelou que membros da área de operações da agência utilizavam “equipamentos sensíveis” de forma imprudente, incluindo microfones direcionais com alcance de algumas centenas de metros, câmeras e outras ferramentas para uso tático em campo. Esses dispositivos permitiam a gravação de encontros e reuniões à distância.

Outro oficial da Abin informou à PF sobre o uso de programas maliciosos desenvolvidos por um servidor do departamento de inteligência. Esses softwares são utilizados para invadir dispositivos sem o conhecimento do usuário.

Os dispositivos são infectados através de um clique em um link suspeito, permitindo o acesso não autorizado. Essa abordagem também pode ser empregada para combater ataques cibernéticos.

Os relatos dos funcionários da Abin são considerados peças cruciais pela PF na investigação de uma suposta “Abin paralela”, que, supostamente sob o comando de Ramagem, realizava monitoramento informal de alvos selecionados.

Uma dessas operações clandestinas envolveu a vigilância de um jantar do então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em 2020. Na ocasião, Maia se encontrou com a ex-deputada federal Joice Hasselmann, o líder do União Brasil, Antonio Rueda, e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.

O encontro foi registrado em imagens e relatado por mensagens de WhatsApp por um agente da PF subordinado a Ramagem.

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