Um monitoramento realizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no Telegram mostrou o envolvimento de neonazistas com golpistas após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas últimas eleições. A informação foi divulgada pelo colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.
O documento foi enviado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI); à Diretoria de Inteligência Policial da Polícia Federal (PF); à Diretoria de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública; à Polícia Civil de Santa Catarina; e ao Gabinete de Transição do Governo.
A Abin destacou que os “grupos neonazistas demonstram interesse em associar narrativas supremacistas a movimentos de contestação dos resultados eleitorais e adotam discursos que dialogam com pautas de outros movimentos para recrutar novos adeptos e promover ações violentas contra autoridades, instituições e agrupamentos antagônicos”.
“Os mesmos [grupos neonazistas] repercutiram chamamentos para contestar a legitimidade dos resultados eleitorais ou buscaram aproveitar-se das narrativas de deslegitimação para avançar teses extremistas violentas ou para fomentar movimentos de insurreição armada”, avaliou a agência de inteligência.
O informe da Abin, produzido no dia 25 de novembro de 2022, mostrava nazistas apoiando os bloqueios que caminhoneiros bolsonaristas fizeram em diversas rodovias federais após a derrota do ex-capitão para o presidente Lula (PT).
“O que está acontecendo pode mudar tudo. Precisamos nos unir para aproveitar essa oportunidade”, disse um integrante do grupo supremacista. “Estou pensando em fazer uma barreira na BR da minha cidade”, respondeu outro.
No Telegram, os nazistas se agrupavam sob diversas bandeiras, como o movimento separatista da Região Sul e o ódio racial. A intenção de participantes de um desses canais, segundo administradores, era formar um grupo armado com motivações supremacistas.
Vale destacar que, em abril deste ano, a Justiça suspendeu o uso do Telegram no país após o aplicativo não entregar os dados completos de canais neonazistas à Polícia Federal (PF). A plataforma, no entanto, voltou a funcionar três dias depois.