“Abin paralela”: o alerta para Carluxo após ação contra espionagem ilegal no governo Bolsonaro

Atualizado em 21 de outubro de 2023 às 10:09
Carlos Bolsonaro. Foto: reprodução

A operação da Polícia Federal (PF) que revela o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar alvos relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está colocando o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) no centro das atenções.

Carluxo não é um alvo da Operação Última Milha, que foi deflagrada na última sexta-feira (20). No entanto, ele voltou a figurar nos noticiários em Brasília, uma vez que a PF está investigando uma área em que o vereador tinha forte interesse e influência durante o governo de seu pai. A informação foi divulgada pelo Estadão.

Até o momento, Bolsonaro estava lidando sozinho com as reviravoltas das investigações em curso. Carlos não faz parte dos 61 indivíduos com pedidos de indiciamento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro e nem foi mencionado nas investigações sobre desvios de joias.

O funcionamento da inteligência da gestão bolsonarista que está sob investigação da PF, era de particular interesse para o filho “02” do ex-presidente. Ele desempenhava um papel importante na seleção de pessoas para funções nessa área.

A influência de Carluxo nesse setor começou a se tornar evidente em março de 2020, quando Gustavo Bebianno, ex-secretário-geral da Presidência, relatou ter ouvido reclamações do vereador em relação ao sistema de inteligência. Carlos desconfiava da equipe existente e teria formado um grupo para operar ilegalmente em favor de seu pai.

Segundo Bebianno, Carlos apresentou a ele o nome de um delegado federal e três agentes que formariam uma espécie de “Abin paralela” porque ele não confiava na Abin oficial. No entanto, o nome do delegado envolvido não foi revelado, pois Bebianno faleceu pouco depois da entrevista.

O delegado Alexandre Ramagem, que estava no comando da Abin durante os episódios de espionagem conforme a PF alega, goza da confiança de Carlos Bolsonaro. Para assumir a chefia da Abin, Ramagem contou com o apoio de Carluxo, e frequentemente, nos fins de semana, ele compartilhava informações estratégicas com Bolsonaro no Palácio do Alvorada.

Inicialmente, Ramagem atuou como assessor especial no Palácio do Planalto e, em julho de 2019, foi nomeado como chefe da Abin com o apoio de Carlos.

Mais tarde, Carlos entrou em conflito com militares no Palácio do Planalto ao tentar influenciar a compra de sistemas de espionagem. Posteriormente, enviou um representante a Dubai para explorar a possibilidade de adquirir outro sistema de espionagem.

Com o fim do governo, Carlos continua seu mandato como vereador do Rio, enquanto Ramagem foi eleito deputado federal. Além disso, no gabinete do delegado em Brasília, encontram-se dois dos principais membros do chamado “gabinete do ódio”.

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