Quando a prioridade é a velocidade e não a segurança, o resultado não podia ser outro.
Neste 8 de agosto, Dia Mundial do Pedestre, a cidade de São Paulo amarga um triste e macabro recorde. O número de pessoas atropeladas e mortas nas vias da capital paulista aumentou 21,19% no primeiro semestre de 2017 comparando-se com os seis primeiros meses do ano passado.
As mortes por atropelamento nas ruas passaram de 184 para 223, de acordo com dados do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo, o Infosiga.
Do total de pessoas que perderam a vida em acidentes de trânsito no município de São Paulo no primeiro semestre de 2017 – 482 – a quantidade de atropelamentos fatais atinge 46,2%, com 223 vítimas fatais. No mesmo período do ano passado, esse percentual era de 38,6%. Foram 476 mortos no trânsito e 184 atropelados que perderam a vida.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que anualmente 270 mil pedestres morrem atropelados em todo o mundo. Esse número equivale a 22% das mortes causadas por trânsito, estatística considerada alarmante pela OMS e pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Estudo da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) da Prefeitura de São Paulo revela que a maior parte das vítimas fatais em atropelamentos na capital é de idosos, envolvidos em acidentes com ônibus e automóveis.
Os casos de mortes no trânsito em geral também deram um salto na comparação entre os dois primeiros semestres de 2017 e 2016, segundo o registro do sistema estadual.
Foram 482 óbitos no trânsito no município de São Paulo neste ano; ante 476 ocorrências em 2016. O Infosiga é produzido com base nos boletins de ocorrência da Polícia Civil.
Em São Paulo, os dados ficam ainda mais dramáticos ao se comparar com os dados de 2015.
O Infosiga não mostra os casos de acidentes e mortes mensalmente, somente o contabilizado no ano todo de 2015. Mesmo assim, o número de mortes de pedestres atropelados na cidade de São Paulo é muito alto, mas menor do que as ocorrências de 2016 e 2017.
Nos 12 meses de 2015 foram mortas 471 pessoas em decorrência de atropelamento por veículos no município, de um total de 1.119 mortes de janeiro a dezembro de 2015.
A tendência de aumento no número de atropelamentos na capital de São Paulo foi mantida também no segundo semestre de 2016, de acordo com dados e análise da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Relatório de dezembro do ano passado sobre os meses de agosto de setembro de 2016 mostra que ônibus e motoristas alcoolizados de automóveis são os maiores responsáveis por esse recorde de mortes por atropelamento. E que pedestres idosos são as maiores vítimas do trânsito.
O item 1.3.1.1 da “Análise da mortalidade ocorrida por acidentes de trânsito em agosto e setembro de 2016” aponta que foi identificado em agosto que 66% dos atropelamentos fatais na capital ocorreram por ônibus e automóveis. E em setembro, ainda segundo a CET, esse número subiu para 72%, com aumento significativo dos automóveis nos atropelamentos.
“Considerando a idade das vítimas podemos observar que, proporcionalmente, a população idosa é a parcela mais afetada pelos atropelamentos fatais, tanto por ônibus quanto por automóveis”, relata o estudo da CET.
A prefeitura já apontava, em dezembro de 2016, a necessidade de se adotar novas medidas de segurança nas travessias de pedestres, assim como a quantidade de faixas de segurança na cidade para evitar o crescimento de atropelamento de pedestres.
“A investigação da dinâmica dos acidentes pode nos levar a identificar a necessidade de implementação de melhorias de segurança e conforto nas travessias existentes e ainda o aumento do número destas travessias, contemplando locais de concentração desta parcela da população que ainda não são atendidos por este tipo de sinalização”, diz o relatório.
O histórico dos atropelamentos de pedestres envolvendo ônibus revela que em 84% dos casos registrados em agosto de 2016 foram com coletivos com excesso de velocidade e 68% com ônibus que avançaram o sinal vermelho.
Outro destaque do estudo apontava para a necessidade no aumento no número de blitze aos motoristas, uma vez que o maior número de vítimas de atropelamento é registrado às sextas-feiras e fins de semana.
“A tendência de maior número de vítimas de atropelamentos às sextas e nos fins de semana segue o padrão já encontrado na cidade e reflete os períodos de maior uso de álcool em atividades recreativas da população”.