Publicado no Jornal GGN
POR LUIS NASSIF
O óbvio aconteceu. Oficialmente o general de Exército Braga Netto assumiu o comando do governo Bolsonaro em um cargo que os meios militares estão chamando de Estado-Maior do Planalto.
Segundo o site DefesaNet, porta-voz oficioso do meio militar, não foi uma simples indicação de Bolsonaro, mas resultado de reuniões complexas, um acordo “por cima”, envolvendo ministros e comandantes militares e o próprio Bolsonaro.
Segundo o site, ”sua “missão” busca reduzir a exposição do presidente, deixando-o “democraticamente” (Apud Paulo Guedes) se comportar como se não pertencesse ao seu próprio governo. O general passa a enfeixar as ações do Executivo na crise. Pode, inclusive, contrariar as declarações de Bolsonaro”.
Não apenas isso.“Ocorre após uma semana em que proliferavam ataques e notícias falsas, incluindo de setoristas que cobrem as Forças Armadas, em Brasília, com notícias delirantes sobre crítica dos militares ao governo.A imprensa ansiosa por uma crise institucional, junto às oligarquias estaduais, mais a oligarquia do Congresso, não é apoiada pelos empresários e especialmente pelo sistema financeiro. Este brincou no início da crise especulando contra o Real e na Bolsa, porém agora percebe que o risco de um possível crash bancário, pela TOTAL insolvência dos clientes, não pode ser descartado”.
Segundo o site, a frase do Comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, de que “talvez seja a missão mais importante da nossa geração”, foi traduzida como a luta contra o COVID-19. “Para os mais atinados, a mensagem foi clara”. Outro sinal, segundo o site, foi a Ordem do Dia alusiva a 31 de março, assinada pelos Ministros da Defesa, Fernando Azevedo, e os três comandantes militares.
A deliberação dos militares já teria sido comunicada, “com os devidos cuidados”, aos ministros e às principais autoridades dos Três Poderes, diz o site. “Pelo menos enquanto a grave situação de crise perdurar, o general será o “presidente operacional” do Brasil.
A reação de Carlos Bolsonaro, em um tweet, foi definida como “estertor de uma situação passada contaminada por trotskistas de direita”.
Ainda segundo o site, Braga Neto tem como seu livro de cabeceira a obra clássica de estratégia militar, “Da Guerra”, de Carl Von Clausewitz.
Este dizia que “a guerra é a continuação da política”. Para Braga Neto, “a política é a continuação da guerra por outros meios” e se aplica à guerra informacional e econômica atual.