Acusado de assédio, Pedro Guimarães cobrou deputada no passado por declarações

Atualizado em 3 de julho de 2022 às 10:31
Pedro Guimarães
Ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães
Foto por: Reprodução

O ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, alvo de graves acusações de assédios moral e sexual, decidiu, em abril, cobrar uma deputada petista na Justiça. Ele apresentou uma interpelação judicial contra Érika Kokay após ser acusado, por exemplo, de “não respeitar as mulheres” enquanto presidente da Caixa. É que, à época, nenhuma vice-presidência ou diretoria tinha mulheres na chefia.

Entenda mais sobre as acusações

No fim do ano passado, um grupo de funcionárias decidiu romper o silêncio e denunciar as situações pelas quais passaram. Todas elas trabalham ou trabalharam em equipes que servem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa, elas dizem que se sentiram abusadas por Pedro Guimarães em diferentes ocasiões, sempre durante compromissos de trabalho. As mulheres relatam toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites heterodoxos, incompatíveis com o que deveria ser o normal na relação entre o presidente do maior banco público brasileiro e funcionárias sob seu comando.

A iniciativa dessas mulheres levou à abertura de uma investigação que está em andamento, sob sigilo, no Ministério Público Federal. Ana, uma das testemunhas, afirma que, a depender da proximidade que tem com algumas das mulheres, Pedro Guimarães passa a se sentir “dono” delas. “É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas”, disse ela. “Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele.” Ana relata que, diante de negativas das subordinadas, ele insiste: “Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não”. “Quando escuta, vira a cara e passa a ignorar. Quando me encontrava, nem me cumprimentava mais”, completa.

“Era comum a mulherada se esconder no banheiro quando ouvia a voz dele chegando no corredor, fazendo estardalhaço, aquela confusão toda. Ele saia catando o celular na mesa [das pessoas] para tirar fotos. E, para a gente não ser abraçada de novo e tirar foto de novo, a gente se escondia no banheiro”, comentou uma ex-assessora de Guimarães. Ela conta que era comum o povo correr. “Uma colega contou que já pulou uma mesa para evitar um abraço”.

As acusações não param em assédio sexual, o ex-presidente também é acusado de cometer assédio moral. Funcionários relataram sob a condição de anonimato que Pedro Guimarães os ofendia e quando era contrariado, afirmava que todos tinham que “se f.” e mandava “todo mundo tomar no c.”. Há relatos que Pedro Guimarães colocava pimenta na comida dos funcionários, especialmente em jantares durante viagens de trabalho. “Quanto mais você chora e passa mal, mais ele ri. Ele é bem sádico. Em toda refeição de trabalho com ele tinha pimenta no prato de alguém”, revelou a funcionária.

Ainda segundo os funcionários, Pedro Guimarães, tinha ataques de fúria. Ele chegou a socar uma televisão, danificar computadores e jogou um celular corporativo na parede, na frente de funcionários. “Caguei para a opinião de vocês, porque eu que mando. Não estou perguntando. Isso aqui não é uma democracia, é a minha decisão”, disse Guimarães durante uma reunião.

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