O advogado da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Frederick Wassef, emitiu, neste domingo (13), uma nota afirmando que “nunca vendeu, ofereceu ou teve posse de joias”. Este foi o primeiro pronunciamento dele desde sexta-feira (11), após a divulgação das investigações da Polícia Federal sobre o esquema de venda de presentes oficiais recebidos por Bolsonaro durante a presidência.
No entanto, os investigadores apontam para o papel de Wassef na recompra de um relógio Rolex incrustado de brilhantes, que foi dado a Bolsonaro durante uma viagem oficial à Arábia Saudita e ao Catar em 2019.
O advogado foi um dos alvos da operação deflagrada na última sexta-feira, na qual mandados de busca e apreensão foram cumpridos contra ele e o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.
Wassef afirmou que: “a primeira vez que tomei conhecimento da existência das joias foi no início deste ano de 2023 pela imprensa, quando liguei para Jair Bolsonaro e ele me autorizou como seu advogado a dar entrevistas e fazer uma nota à imprensa”.
“Antes disso, jamais soube da existência de joias ou quaisquer outros presentes recebidos. Nunca vendi nenhuma joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa, e nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta ou indireta. Jamais participei ou ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda”.
No entanto, a representação da PF contradiz essa afirmação, apontando para a ativa participação de Wassef na operação de recompra do relógio de luxo. Segundo a investigação, Mauro Cid vendeu o relógio, o general Lourena Cid recebeu o dinheiro em sua conta e foi o advogado da família Bolsonaro que organizou a recompra. Conforme o inquérito, em 11 de março de 2023, Wassef voou de Campinas (SP) para Fort Lauderdale, na Flórida. Nesse mesmo dia, trocou mensagens com Cid.
Outra parte da representação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) apresenta uma mensagem do celular de Mauro Cid, na qual Fabio Wajngarten chama Frederick Wassef de “burro demais, contaminado”, em uma conversa sobre a tentativa de recuperar as joias dadas ao então presidente em viagens oficiais.
A nota de Wassef à imprensa conclui com: “Como advogado de Jair Messias Bolsonaro venho informar que, uma vez mais estou sofrendo uma campanha de Fake News e mentiras de todos os tipos, além de informações contraditórias e fora de contexto. Fui acusado falsamente de ter um papel central em um suposto esquema de vendas de joias. Isto é calúnia que venho sofrendo e pura mentira. Total armação”.
O inquérito conduzido pela PF aponta que os valores obtidos com a venda desses objetos teriam sido convertidos em dinheiro em espécie e “inseridos no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de pessoas intermediárias e sem o uso do sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”.