Na falta de Donald Trump, que enviou o sub Mike Pompeo em seu lugar, Benjamin Netanyahu é a grande estrela da posse de Jair Bolsonaro.
Trata-se da primeira vez em que um premiê de Israel visita o Brasil.
Netanyahu, outro imitador de Trump no estilo truculento e na hiperatividade no Twitter, foi tietado de maneira constrangedora por Jair e seu filho Eduardo ao longo da semana.
“Israel é a Terra Prometida, e o Brasil é a terra da promessa”, retribuiu Netanyahu num encontro com o admirador.
O estreitamento da relação com o país do Oriente Médio é uma marca da mudança radical na política externa, que tem nas sandices vocalizadas pelo chanceler Ernesto Araújo sua trilha sonora.
Bolsonaro vem falando da mudança da Embaixada de Telavive para Jerusalém.
Gabou-se nesta semana de uma parceria para implantar usinas de dessalinização, vendendo como uma incrível novidade algo em uso no Nordeste desde 2004.
Com o passeio em meio à indiarada, Netanyahu dá uma pausa refrescante enquanto lida com a maior crise política que já enfrentou desde 2009, quando assumiu.
O Parlamento aprovou sua própria dissolução e eleições, que deveriam ocorrer em novembro, foram antecipadas para 9 de abril.
Analistas creem que se trata de uma tentativa de distrair a atenção do público das denúncias de corrupção de que ele é alvo junto com a mulher Sara.
No início do mês, a polícia israelense recomendou que o premiê fosse indiciado no que ficou conhecido como Caso 4000.
Ele teria recebido cobertura positiva do site de notícias Walla em troca de favores a seu proprietário.
“Bibi” deve responder por “suborno, fraude e abuso de confiança”. O acionista majoritário do grupo Bezeq, controlador do Walla, Shaul Elovitche, também pode ser indiciado.
De acordo com a denúncia, Netanyahu interveio “de maneira flagrante e contínua, e em algumas ocasiões inclusive diariamente” no conteúdo e também tentou influenciar na nomeação de editores e repórteres entre 2012 e 2017.
Em fevereiro, a polícia já havia pedido ao Ministério Público que acusasse Netanyahu em outros dois casos pelos quais ele era investigado.
Num deles, parentes teriam recebido até um milhão de shekels (US$ 285 mil), bem como charutos, champanhe e joias de pessoas ricas em troca de favores financeiros ou pessoais.
Um deputado chamado Ayman Odeh afirmou que o lugar de Netanyahu “é na prisão”.
“Um primeiro-ministro que só está ocupado em divulgar o ódio e o medo e os interesses próximos de sua família já perdeu sua legitimidade”, declarou.
Soa familiar?
Como era aquele papo de “bandido de estimação”, mesmo?
Consta que Netanyahu já aprendeu uma gíria no Rio de Janeiro: “É nós, Queiroz”.