Advogada dizia receber ordens de Ramagem para livrar Flávio Bolsonaro, afirma ex-sócia

Atualizado em 16 de julho de 2024 às 12:05
Flávio Bolsonaro e Alexandre Ramagem. Foto: reprodução

A advogada Juliana Bierrenbach, que atuava na defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL) no caso da “rachadinha” da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), revelou nesta terça-feira (16) que sua ex-sócia, Luciana Pires, lhe enviou três relatórios com instruções sobre como obter provas para anular a investigação contra o “filho 01” de Bolsonaro.

Luciana Pires havia afirmado em 2020 que recebeu ao menos dois relatórios de Alexandre Ramagem, então diretor da Abin no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Contudo, Bierrenbach declarou que, na verdade, foram três relatórios.

Juliana, Luciana, Bolsonaro, Ramagem e o ex-ministro do GSI Augusto Heleno participaram de uma reunião no Palácio do Planalto, em Brasília, em agosto de 2020. Nesse encontro, secretamente gravado por Ramagem, foram discutidas estratégias para proteger Flávio nas investigações sobre a “rachadinha”.

“Ela [Luciana Pires] me encaminhou [os relatórios] por WhatsApp, recebi isso da Luciana Pires. Agora, eu não sei, não tenho como dizer pra você se isso foi escrito por ela, pelo Ramagem, pela Abin, pelo Flávio, não sei. Foi enviado por ela. Que ela disse para você que foi o Ramagem é um fato”, disse Juliana ao colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.

Nos dois relatórios anteriormente revelados, a Abin detalha o funcionamento de uma suposta organização criminosa na Receita Federal, que, segundo os advogados de Flávio, teria examinado ilegalmente seus dados fiscais para produzir o relatório que originou o inquérito das rachadinhas.

Juliana Bierrenbach e Luciana Pires
As advogadas Juliana Bierrenbach e Luciana Pires. Foto: reprodução

Em um campo intitulado “Finalidade”, um dos documentos da Abin mencionava: “Defender FB no caso Alerj, demonstrando a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais de FB”. Os dois documentos foram enviados por WhatsApp para Flávio, que os repassou à sua advogada Luciana Pires.

Juliana Bierrenbach, entretanto, afirmou que considerou os relatórios “muito tolos” e que já havia se reunido com o chefe da Receita Federal na época, José Barroso Tostes Neto, antes de ter acesso ao material.

Além disso, Bierrenbach argumentou que os relatórios fornecidos por Luciana Pires, com orientações da Abin contra o caso das rachadinhas, não foram úteis. A advogada ressaltou que não entendia que os relatórios fossem da Abin.

“Em relação ao que foi passado, se a Abin determinou alguma coisa, quando eu soube daqueles relatórios, em que me chamam de doutora Juliete, eu já tinha estado com a Receita, não tinha sido ideia da Abin, ou de ninguém. Eu tive acesso depois que isso tudo já tinha acontecido”, disse ela.

“Tive acesso a três relatórios desses, que me pareciam, com todo respeito, muito tolos, tolos, muito tolos. Basta dizer que era um documento que talvez fosse da Abin e que me dava um codinome de Juliete, pelo amor de Deus. Seja lá por que for, era uma decisão equivocada, não tinha nem como olhar para aquilo e entender aquilo com seriedade. Nunca entendi que aqueles relatórios fossem da Abin”.

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