A cena da candidata derrotada a miss Amazonas, que tentou roubar a coroa na marra, evoca o comportamento do senador Aécio Neves nos últimos meses.
Maus perdedores só não são piores que maus ganhadores. Aécio já deu sinais claros de que jamais engolirá o resultado das eleições. Por isso todas as anedotas sobre suas aventuras no tapetão, em companhia de Carlos Sampaio. Por isso ele se torna um alvo fácil dos adversários quando querem desestabilizá-lo.
Na sessão de quarta-feira no Senado, o mineiro protestou por causa de uma manobra de Renan Calheiros para garantir o comando da Casa aos aliados. Com a articulação, PSDB e PSB ficaram de fora da Mesa Diretora.
No microfone, Aécio criticou o colega, dizendo que ele “perde a legitimidade de ser presidente dos partidos de oposição. Vossa Excelência apequena essa presidência”. Começou de maneira firme e civilizada.
Renan, macaco velho, devolveu afirmando, de maneira irônica, que não acreditava que aquilo estivesse sendo dito por um candidato à presidência da República.
“Veja em que conta o senhor leva a democracia”, fala. “Por isso deu no que deu. Vossa excelência perdeu a chance de ser presidente da Republica porque é estrela”.
Pronto. Aécio acusa o golpe. Doeu. “Perdi de cabeça erguida!”, grita. “Eu tive 51 milhões de votos, que eu honro! Olho nos olhos dos cidadãos, falo com a população brasileira!”
Aécio reagirá sempre de maneira ensandecida quando alguém lhe lembrar que não foi eleito? Voltou a parecer Collor em sua apoplexia. O dedo em riste, a ira incontida, um ressentimento enorme (faltou o inesquecível “leviano!”). Conseguiu a proeza de transferir simpatia a uma figura como Renan Calheiros.
“Eu fiz o que estava no meu coração”, desculpou-se a modelo amazonense Sheislane Hayalla depois do vexame entre as misses. O coração de Aécio Neves não tem lugar para o vice-campeonato.