O bunker onde Aécio Neves conspira, transpira e treme com medo da prisão é uma mansão de 2,5 mil metros quadrados no Lago Sul de Brasília, cujo aluguel custa 25 mil reais mensais.
O guerreiro do povo brasileiro está instalado ali com a família — mulher e dois filhos gêmeos — desde 2015.
São dois andares, jardins com paisagismo e piscina semiolímpica.
Localizada numa das áreas mais nobres da capital federal, a casa vale 7 milhões de reais e foi construída há apenas três anos.
Aécio e Letícia Weber conseguiram um desconto de 10 mil reais com o proprietário, Leonardo Soares da Silva Landim, sócio da SN Investimentos e Participações Imobiliários. Landim vive em Florença.
Ela já veio mobiliada. Tem cinco suítes, sala de estar, cozinha, uma extensa mesa de jantar e três lavabos.
Obras de arte ocupam os corredores, junto com tapetes luxuosos, diz o site Metrópoles.
Uma escultura branca, assinada pelo gaúcho Clésius Coser, fica na entrada. É avaliada em torno de 20 mil reais.
Aécio se sente muito à vontade ali.
Tão à vontade que postou foto no Facebook de uma reunião com a cúpula do PSDB num espaçoso alpendre.
A imagem serviu para o procurador geral da República, Rodrigo Janot, reforçar o pedido de cadeia.
Janot entende que Aécio contrariou a decisão do ministro Fachin, do STF, de 18 de maio, de se afastar das atividades parlamentares.
O registro, do dia 30 daquele mês, mostra Aécio em companhia dos senadores Tasso Jereissati, Antonio Anastasia, Cássio Cunha Lima e José Serra, este último também investigado.
“Na pauta, votações no Congresso e a agenda política”, escreveu a assessoria de Aécio, na maior.
Na terça, dia 20, o Supremo analisa o pedido de prisão.
A mídia que o inventou agora o atira ao mar com as fofocas dos políticos que o frequentam.
Segundo a Veja, Aécio alterna “crises de choro, goles de uísque e conversas com advogados”.
O Estadão conta que, “como teme estar grampeado, as conversas mais delicadas, sobretudo com o PMDB, são feitas pessoalmente ou por meio de interlocutores”.
À noite, sozinho, Aécio pensa no primo Fred, hoje na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, e na irmã Andrea, cumprindo pena no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto.
Fred, ele mesmo falou a Joesley, é do tipo que pode mandar matar.
Andrea, não. Seu Golbery, braços direito e esquerdo, seu cérebro, entrou na rotina da cana. Participa de atividades psicoterapêuticas e cultos religiosos.
Só não pode trabalhar, benefício concedido somente a sentenciados. Ela ainda não foi julgada.
“Não deve ser tão ruim assim”, reflete Aécio antes de pular na água aquecida e dar umas braçadas.
São 3 da manhã e uma brisa agradável mexe de leve as folhas das palmeiras.