África do Sul tem as eleições mais acirradas desde o fim do apartheid nesta quarta-feira

Atualizado em 29 de maio de 2024 às 7:23
Apoiadores do ANC, na África do Sul, em 25 de maio de 2024 — Foto: Alaister Russell/Reuters

Os 27,6 milhões de eleitores sul-africanos vão às urnas nesta quarta-feira (29) para eleger um novo Parlamento, que será responsável por escolher um novo presidente. Analistas indicam que essa é a eleição mais disputada em três décadas, conforme informações da AFP.

Serão eleitos 400 deputados, proporcionais aos votos recebidos por 50 partidos. Após a formação, o Parlamento nomeará o próximo presidente.

O Congresso Nacional Africano (ANC), no poder desde o fim do apartheid, é o partido que mais tem vencido nas últimas décadas. Desde a eleição do primeiro presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela, em 1994, o ANC tem contado com a lealdade dos eleitores, que veem o partido como libertador do apartheid.

O ANC sempre venceu as eleições nacionais com ampla maioria, conquistando 57% dos votos nas últimas legislativas de 2019. No entanto, sob a liderança atual do presidente Cyril Ramaphosa, o partido tem visto sua popularidade diminuir.

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Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, durante entrevista coletiva em Berlim. Foto: POOL / REUTERS

Pesquisas sugerem que o ANC pode obter entre 40% e 47% das intenções de voto, o que significa que o partido pode perder a maioria absoluta na Câmara pela primeira vez, sendo obrigado a formar alianças para governar.

A maior ameaça ao ANC vem do uMkhonto we Sizwe (MK), um pequeno partido liderado pelo ex-presidente Jacob Zuma, de 82 anos, que já foi uma figura central do ANC. Além disso, há a Aliança Democrática (DA, de direita) e os Combatentes da Liberdade Econômica (EFF, à esquerda do ANC).

Desiludidos pelos frequentes escândalos de corrupção, muitos dos 62 milhões de sul-africanos perderam a confiança no ANC, que havia prometido melhorias em educação, água, moradia e direitos de voto para todos.

Vale destacar que, atualmente, um terço da população economicamente ativa está desempregada. A pobreza e a desigualdade estão em alta, e a criminalidade frequentemente bate recordes, com a vida cotidiana dificultada por cortes frequentes de água e eletricidade.

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