Devido ao escândalo no MEC (Ministério da Educação), que resultou na prisão do ex-ministro Milton Ribeiro por um dia, integrantes da pré-campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) têm defendido que a corrupção seja um tema colocado em segundo plano na discussão eleitoral. A estratégia de comunicação foi discutida no próprio dia da prisão de Ribeiro, na semana passada, em reuniões no Planalto das quais participaram os principais aliados.
O próprio presidente fez nova mudança de discurso sobre esse tema nesta quarta-feira (29), quando admitiu que pode haver casos de desvio de verba pública no governo federal. Ele costumava descartar a possibilidade de existirem episódios de corrupção no governo. Agora, complementou sua frase tradicional e disse que podem existir desvios, mas que não há “corrupção endêmica” na sua gestão. “No governo, não temos nenhuma corrupção endêmica. Tem casos isolados que pipocam e a gente busca solução para isso”, afirmou em palestra a empresários em evento da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
De acordo com integrantes da pré-campanha de Bolsonaro, pesquisas internas do PL têm mostrado que a corrupção não é, atualmente, um fator preponderante no debate para os eleitores na hora do voto. Eles passaram a defender que a principal preocupação no país é com temas como fome, combustíveis e inflação. Dessa forma, há menos apelo ao fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de ex-ministros petistas como José Dirceu terem sido presos na Lava Jato.
Uma ala da campanha tem defendido que Bolsonaro reduza falas sobre esse tema e tente focar na apresentação de uma agenda positiva. A leitura é que dar centralidade ao assunto corrupção não trará votos adicionais e pode desgastar o presidente. Após bater nessa tecla por anos, Bolsonaro pode ser alvo agora de uma nova CPI —senadores articulam a instalação de comissão para apurar as suspeitas na pasta da Educação.