O general Mário Fernandes, ex-ministro interino da Secretaria-Geral, participou do planejamento de golpe de Estado e pressionou o comandante do Exército, Freire Gomes, a promover uma ruptura institucional. Investigado pela Polícia Federal, ele divulgou uma carta aberta pedindo intervenção militar e participou da reunião golpista de julho de 2022. A informação é da coluna de Malu Gaspar no jornal O Globo.
No encontro, comandado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, ele disse que era necessário agir rápido, já que o segundo turno das eleições estava próximo e haveria pressão internacional para aceitar o resultado da disputa. Fernandes alegou que seria melhor “assumir um pequeno risco de conturbar o país” do que esperar pelo “day after”.
“Porque no momento que acontecer, é 64 de novo? É uma junta de governo? É um governo militar? É um atraso de tudo o que se avançou no país? Porque isso vai acontecer. O país vai ser todo desarticulado”, afirmou na ocasião.
Segundo a PF, Fernandes foi acionado pelo núcleo golpista do Palácio do Planalto para tentar convencer o chefe do Comando de Operações Especiais (Copesp) do Exército, Carlos Alberto Rodrigues Pimental, a aderir ao plano golpista.
Às vésperas da diplomação de Lula como presidente eleito, em 12 de dezembro, o general divulgou uma carta aberta dirigida a Freire Gomes em grupos de WhatsApp bolsonaristas. No texto, ele dizia que o momento de reagir à transição de poder seria “agora ou nunca mais”.
“Precisamos tomar as rédeas da situação, COMANDANTE! O respaldo popular está aí e se prosseguirmos na atual passividade, corremos o risco de perder tanto o apoio como a histórica confiança de nossa sociedade!”, diz a carta.
Na ocasião, bolsonaristas já estavam acampando nas portas de quartéis do Exército pelo país. Na mensagem disparada por meio do WhatsApp, ele também defendia que uma auditoria nas urnas seria algo “urgente” e que deveria ser “imposta ao Judiciário”.
Em delação, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, definiu o general como um dos militares mais radicais do núcleo golpista do governo. Ele também apontou que Fernandes era um defensor “incisivo” de uma ruptura institucional para manter o então mandatário no poder.