Publicado originalmente no Brasil de Fato:
Por Erick Gimenes
Agricultores familiares apresentaram proposta aos governadores do Consórcio Nordeste para que se crie um crédito emergencial específico e imediato para camponeses da região. O pedido foi oficializado em um documento assinado por representantes de sete estados, entregue na quarta-feira (29) ao consórcio.
O valor da linha de crédito sugerido é de R$ 7 mil por agricultor, sem burocratização, financiado pelo Fundo de Combate à Pobreza dos Estados, com taxa zero de juros. O pagamento, sugerem os agricultores, deve ser feito com alimentos entregues por eles próprios em escolas, hospitais e entidades filantrópicas.
“É um crédito específico, a ser criado pelos governadores, no valor de R$ 7 mil, para que os agricultores possam devolver isso em alimento. Neste momento, a gente precisa, de forma imediata e urgente, garantir que chegue dinheiro na mão do povo”, explica Aurí Junior, diretor da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf) do Ceará.
Os trabalhadores alegam que há dificuldades específicas no Nordeste, como um alto índice de pobreza, de fome e as secas constantes, que merecem atenção e decisões específicas no enfrentamento ao novo coronavírus.
“Nossos agricultores aqui da região Nordeste acabaram de enfrentar sete anos de seca, um período de muita dificuldade. Nós temos uma grande parte dos agricultores que já fizeram uma prorrogação de suas dívidas porque tiveram perdas com a seca. Agora, é preciso que a gente garanta recursos na mão dos agricultores para que eles consigam manter as pequenas produções e consigam sobreviver”, indica Aurí.
Além da linha de crédito emergencial, os agricultores também pedem, no documento, a ampliação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), garantia de execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), custeio e investimento para o cooperativismo solidário, programa de distribuição de cestas básicas e retomada do programa nacional de apoio à capitação de água de chuva.
De acordo com o coordenador da Fetraf Bahia, Rosival Leite, as medidas são necessárias para compensar a inércia do governo federal frente a pandemia. “O governo federal tem anunciado medidas, porém elas não têm efetividade, ou seja, não chegam a quem precisa”, lamenta.