Numa tentativa de apagar fogo com gasolina, Geraldo Alckmin (PSDB-Centrão) levou ao ar um novo programa em que surfa nas ondas do atentado contra Jair Bolsonaro. No vídeo exibido sábado à noite, ele se solidariza e acena aos eleitores do ex-capitão, enquanto lança acusações irresponsáveis ao Partido dos Trabalhadores.
Numa falsa pregação de união nacional, Alckmin afirma que “mais do que nunca, o país precisa de pacificação”, chama de “vil e covarde” a agressão a Bolsonaro, e depois falseia a verdade para dizer que “o ódio que divide o país cresceu com o PT”.
“O ódio que divide o País cresceu com o PT e fez prosperar radicais de um lado e de outro. Isso não serve para a nenhum brasileiro de bem. Não é na bala, nem na faca, que vamos construir essa nação”, acusou o candidato tucano.
Em seu ataque rasteiro ao PT, Alckmin esconde que o ódio a que se refere foi destilado e espalhado pelo senador Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente em 2014, ao ser derrotado pela presidenta Dilma Rousseff.
Naquela ocasião, Aécio e o PSDB não reconheceram o resultado das urnas e deram sequência ao golpe que iniciaram um ano antes para derrubar a presidenta constitucionalmente eleita por mais de 54 milhões de votos.
Eles conseguiriam seu intento dois anos depois, com o apoio dos industriais da FIESP e a aliança feita pelo PSDB com o Centrão para colocar Temer na cadeira de presidente da República e participar ativamente do seu governo.
Numa cópia da campanha da Globo “que Brasil você quer para o futuro”, Alckmin abre seu programa com uma jovem, grávida de cinco meses, perguntando que Brasil o filho dela vai encontrar quando nascer, em janeiro do próximo ano.
Defensor de armar as pessoas no campo, como Bolsonaro nas cidades, Alckmin ainda usou o vídeo para escamotear seu próprio discurso quando afirma no programa do PSDB que “não é na bala, nem na faca, que vamos construir esta nação”.