“Ele não tem mais a caneta”.
O comentário irônico de um militante dá a exata noção do isolamento de Geraldo Alckmin no PSDB.
A mesma caneta que funcionou em 2016 quando, no comando do Estado, determinou que João Doria seria o candidato do partido à prefeitura de SP pesa agora contra ele.
E quem lhe castiga é o marqueteiro que Geraldo ajudou tornar-se prefeito da capital.
“Geraldo está ferrado. É questão de tempo”, comentou com o DCM um importante militante do partido.
O ocaso do ex-governador deve ser visto pela sociedade não sob o prisma do ambiente interno, mas externo.
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Há 30 anos administrando o Estado, o partido criou um exército de militantes pagos com dinheiro público.
Entre os poucos apoiadores, a reclamação é de que a Executiva do diretório estadual, que vai referendar o nome do candidato em 2022, está trabalhando pelo nome de Rodrigo Garcia, vice-governador e preferido de Doria.
É um crime administrativo, uma vez que a Executiva é que determina as normas da escolha e por esse motivo deveria atuar com isenção.
Marco Vinholi, presidente, Vanderlei Macris, 1º Vice, Dilador Borges, Evandro Luiz Losacco, Carlos Alberto Balotta, Ademir Cleto, Fred Guidoni e Victor Ferreira, que compõem a direção estadual, não escondem a preferência pelo adversário de Geraldo nas prévias.
Trabalham pelo candidato de Doria. Todos com cargos e benesses fornecidos com dinheiro do Estado para atender os interesses do mandatário de plantão.
Não por acaso a última pesquisa de opinião, do Instituto Badra, mostra Geraldo num modesto quarto lugar, com 9,8% das intenções de votos, atrás de Guilherme Boulos, do PSOL, Márcio França, PSB, e do petista Fernando Haddad.
Já dissemos aqui no DCM que Geraldo, se bobear, nem sai do PSDB.
Ele conhece bem como se tomam as decisões no partido. E tem medo de se aventurar.
Alckmin candidato a prefeito de SP em 2024
O melhor, agora, segundo apoiadores, é torcer pelo fracasso de Doria na eleição para a presidência e de Rodrigo Garcia ao governo do Estado.
É a única chance que tem para retomar o controle da militância.
E tentar renascer das cinzas, junto com o partido que ajudou a fundar, e se eleger prefeito de São Paulo na sucessão de Ricardo Nunes, em 2024.