O ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo, aliado do candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, tem aderido a um discurso nacionalista e cada vez mais ligado ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Rebelo foi filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) por 40 anos, legenda pela qual foi deputado federal por São Paulo durante cinco mandatos, sendo presidente da Câmara durante 2005 e 2007. Nos governos Lula e Dilma Rousseff, foi ministro da Defesa, da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Esporte e de Coordenação Política e Assuntos Institucionais.
Hoje, segundo o professor de filosofia Renato Judz, ele é um “ex-comunista”. Na semana passada, o ex-ministro concedeu uma entrevista à produtora de extrema-direita Brasil Paralelo, conhecida por fazer documentários negacionistas da ditadura militar e da pandemia de Covid-19.
Fundada por três gaúchos bolsonaristas, a produtora foi alvo de pedido de quebra de sigilo pela CPI da Covid no ano passado, junto a outros veículos bolsonaristas, por disseminar fake news. Foi ali que o ex-chanceler Ernesto Araújo declarou que o nazismo é de esquerda.
A entrevista de Aldo Rebelo à Brasil Paralelo também foi repleta de declarações que seriam facilmente ditas por Bolsonaro. Além de não ter feito nenhuma crítica ao presidente, ele culpou indígenas pelo desmatamento na Amazônia, elogiou os militares e disse que a esquerda brasileira é um “engano” e um “atraso”.
O professor Renato Judz juntou algumas falas absurdas do ex-deputado, em texto que o DCM reproduz abaixo:
Vou tentar ser sucinto sobre as declarações do Aldo Rebelo ao Brasil Paralelo. Diz ele:
As ONGs europeias financiam as lutas indígenas e estes causam desmatamento;
Não crítica uma vez sequer Bolsonaro;
Diz que o ponto central de suas ideias é o nacionalismo;
Culpa a Constituinte de 88 de ter dado muito poder ao STF e os acusa de ingerência sobre a política;
Elogia repetidamente os militares que segundo ele foram os únicos que tinham projeto unificado de pátria;
Compara o impeachment da Dilma aos pedidos dirigidos ao Bolsonaro;
Acusa Moro de traidor e de não ter sido fiel ao Bolsonaro, conspirando contra ele durante sua estadia no governo ao qual Bolsonaro precisou reagir;
Diz que os militares entraram no Golpe posteriormente por demanda popular em 64;
Culpa a Comissão da Verdade por tratar de algo que “deveria ser superado”, como sempre alegou Bolsonaro;
Diz que a esquerda deve ser nacionalista e abraçar as causas nacionais e não só seus interesses;
Ataca o identitarismo e as teorias de gênero como divisivas do povo unitário brasileiro;
Não crítica uma única vez os militares, nem mesmo quando fala da Ditadura, elogia inclusive Geisel pela Petrobrás.
Dentre outras falas problemáticas, seus pontos são amor aos milicos como guardiões da nação e nacionalismo acima de tudo. Show de horrores de quem “endireitou”.
Quase esqueci: ao final elogia os Integralistas, diz que havia gente inteligente e que no fundo eram nacionalistas.
Incrível o quão próximo dos discursos duguinistas este ex-comunista está. Coincidência? Eu não apostaria nisso.
O que o Aldo prova mais uma vez é que o “nacionalismo” é o tobogã de esquerdistas para cairem na direita ou mesmo em posições neofascistas.
Impressionante como, ao longo da história, os que se perdem sempre são aqueles que caem nesse buraco metafísico do amor à nação abstrata.
Veja alguns trechos da entrevista: