O presidente do grupo Barilla, o maior produtor de massas do mundo, teve de emitir um pedido de desculpas a jato depois de declarar que se recusa a mostrar famílias gays em seus anúncios. Guido Barilla deu uma entrevista inacreditável a um programa de rádio. O tema era o papel da mulher na propaganda.
“Eu não faria um comercial com uma família homossexual não por falta de respeito para com os homossexuais – que têm o direito de fazer o que quiserem sem incomodar os outros -, mas porque eu não concordo com eles e acho que nós queremos falar com as famílias tradicionais “, disse.
Aos 55 anos, pai de cinco filhos de dois casamentos, bonitão, cabeludo, educado, dono de uma empresa fundada em 1877 em Parma, Guido não conseguia conter a fanfarronice. “Eu nunca faria um anúncio com uma família gay. Para nós, o conceito de família sagrada permanece um dos valores fundamentais da companhia”. E a coisa não parava. “Eu não tenho respeito pela adoção por famílias gays porque isso diz respeito a uma pessoa sem condições de escolher”.
Em pouquíssimas horas, uma reação violentíssima aconteceu nas redes sociais. Não só na Itália, mas em toda a Europa e nos EUA. Uma retratação mezzo envergonhada se seguiu na página da companhia no Facebook. “Peço desculpas se minhas palavras geraram mal-entendidos ou controvérsia e se feri a sensibilidade de algumas pessoas”, disse Guido. Muito pouco, tarde demais. O político italiano e ativista LGBT Alessandro Zan organizou um boicote a marcas da empresa. “Eu já mudei de marca. Barilla é de péssima qualidade”.
As declarações de Guidom entra para a antologia de frases infelizes do mundo corporativo. No ano passado, o presidente da rede de fast food americana Chick Fill-A também deu uma cacetada no casamento entre pessoas do mesmo sexo, usando a Bíblia. Houve protestos em diversos restaurantes da rede. A Walmart também teve de lidar com manifestantes depois que foram reveladas doações para organizações “anti-gay”
Concorrentes estão sendo lembrados como nunca. A Buitoni criou um slogan: “Na casa Buitoni há espaço para todos”. A Garofalo cravou: “As únicas famílias que não usam Garofalo são aquelas que não gostam de uma boa massa.”
O pedido de perdão de Guido — ele feriu “a sensibilidade de algumas pessoas” — caiu mal. Empresas mais antenadas e espertas estão apoiando a comunidade LGBT. O CEO da Starbucks, Howard Schultz, por exemplo, sugeriu que os acionistas que não apoiassem o casamento gay vendessem sua participação.
Guido Barilla deu uma pequena amostra de intolerância e incontinência verbal — mas, sobretudo, de como a homofobia é, hoje, ruim para os negócios. A não ser que você abra uma filial de uma igreja de Marco Feliciano.