Alguém mentiu: Bolsonaro e Marcos do Val dão versões diferentes à PF sobre reunião golpista

Atualizado em 20 de julho de 2023 às 15:25
O Senador Marcos do Val (Podemos) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o senador Marcos do Val (Podemos-ES) prestaram depoimentos à Polícia Federal com duas narrativas diferentes sobre a reunião golpista realizada no Palácio da Alvorada, em dezembro de 2022, com participação do ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), preso desde fevereiro após perder seu mandato.

Na semana passada, durante seu quarto depoimento à PF neste ano, Bolsonaro assegurou que não houve qualquer discussão e que “nada foi falado” sobre um plano para gravar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

Já Marcos “da Swat”, como é conhecido, declarou em seu depoimento, prestado na quarta-feira (19), que o assunto foi de fato tratado, introduzido na reunião por Silveira. Segundo o senador bolsonarista, ele interrompeu a conversa em determinado momento para discutir a possibilidade de gravar Moraes.

O plano teria a intenção de colocar em dúvida a atuação de Moraes como presidente do TSE. Na sequência, os bolsonaristas tentariam invalidar o resultado da eleição presidencial de 2022, na qual Bolsonaro foi derrotado pelo hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo o depoimento de Do Val.

Daniel Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

O senador afirmou que somente ele e Bolsonaro testemunharam a fala de Daniel Silveira. Ele também declarou que o então presidente apenas ouviu a proposta e não fez nenhum comentário sobre o assunto. Na visão do político capixaba, Silveira tentava persuadir os presentes a aderirem ao que ele chamou de “missão”. Marcos do Val disse que Bolsonaro pareceu surpreso com o tema, o que segundo ele mostra que o então presidente desconhecia o que seria tratado na reunião.

A PF está investigando se os envolvidos planejaram um esquema para anular a eleição presidencial de 2022. Desde fevereiro, quando o caso veio à tona, Do Val apresentou várias versões a respeito do encontro. Inicialmente, ele afirmou que Bolsonaro havia colocado o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) à disposição para a entrega de escutas, o que Bolsonaro nega. Posteriormente, Do Val recuou e atribuiu a fala a Daniel Silveira.

O senador também disse que o líder da extrema-direita concordou com a ideia em um momento anterior, mas depois retirou essa informação. “Bolsonaro [apenas] ouviu tudo e ficou calado”, disse ele, acrescentando que Bolsonaro não rejeitou as ideias de Silveira.

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