O escritor e jornalista americano George Plimpton, editor da Paris Review, contava que, certa vez, Muhammad Ali dava uma palestra com ele em Harvard quando alguém lhe gritou que fizesse um poema.
A história está no belíssimo documentário “Quando Éramos Reis”, sobre a luta no Zaire entre Ali e George Foreman em 1974.
Muhammad Ali era disléxico, lembra Plimpton, e não teve as mesmas oportunidades que as pessoas na plateia.
Após alguns instantes de silêncio, Ali mandou ver o seguinte: “Me, we!” (“Eu, nós!”)
Noves fora a beleza do significado, virou a poesia mais curta da língua inglesa.
Eu pensei nisso quando li a saudação de Sergio Moro a Regina Duarte.
Como Ali, Moro é curto e direto ao ponto — só que no sentido da ignorância, da sabujice e da mesquinharia.
“Bem vinda, Regina”, escreve o ministro, que aparece numa foto ao lado dela e do chefe Bolsonaro.
O correto é “bem-vinda”. Tem hífen.
O sujeito, ex-juiz, candidato ao STF, à presidência da República, ao diabo, consegue errar numa frase de três palavras.
Cada um com o lutador que merece. Nós ficamos com Ali.
Bem vinda, Regina. pic.twitter.com/r9foeVTqAh
— Sergio Moro (@SF_Moro) February 2, 2020