Aliados de Trump pretendem combater a esquerda da América Latina; entenda

Atualizado em 2 de novembro de 2024 às 12:30
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, com camisa do Brasil entregue por Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

O “Projeto 2025”, elaborado por aliados de Donald Trump, ex-presidente e candidato para voltar ao cargo nos Estados Unidos, tem proposta de ofensiva contra governos de esquerda na América Latina. O plano visa, entre outras medidas, condicionar a ajuda externa dos EUA ao alinhamento ideológico de países da região.

Trump declarou que não tem envolvimento direto com o projeto. “Não li. Não quero ler, propositalmente. Não vou ler”, afirmou o ex-presidente em um debate presidencial em setembro, após a candidata democrata Kamala Harris sugerir que ele estaria vinculado ao plano.

Com 920 páginas, o documento do Projeto 2025 detalha uma estratégia para reconfigurar o papel dos Estados Unidos no cenário internacional, incluindo a utilização da agência Usaid para financiar entidades que possam fazer oposição a movimentos sociais progressistas na América Latina.

A agência, que possui um orçamento anual de US$ 42 bilhões, seria usada para promover a agenda conservadora, opondo-se a ideias socialistas que, de acordo com os autores do projeto, têm atraído a juventude na região.

Segundo Jamil Chade, fontes do Palácio do Planalto se mostraram preocupados com uma possível administração Trump, caso ele vença as próximas eleições, diante do fortalecimento de grupos de extrema-direita que poderiam desestabilizar governos latino-americanos.

Donald Trump, ex-presidente dos EUA, em campanha eleitoral. Foto: Jonah Elkowitz

Em uma entrevista ao canal francês TF1+, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou seu apoio à candidata Kamala Harris e enfatizou que sua vitória seria mais benéfica para a democracia: “Kamala Harris, ganhando as eleições, é muito mais seguro de a gente fortalecer a democracia nos Estados Unidos”, afirmou o petista.

A Heritage Foundation, entidade ultraconservadora que lidera o Projeto 2025, reuniu mais de cem organizações desde 2022, incluindo grupos que promovem campanhas contra direitos reprodutivos e da comunidade LGBTQI+. Algumas dessas entidades mantêm vínculos estreitos com o bolsonarismo e com a senadora brasileira Damares Alves, reforçando um movimento conservador global.

Apesar de Donald Trump buscar se distanciar do projeto, aproximadamente 140 conselheiros e colaboradores envolvidos no plano trabalharam em sua administração. Entre os objetivos centrais do Projeto 2025 está a ideia de instrumentalizar a ajuda humanitária dos EUA para promover uma linha ideológica conservadora.

No documento, os conservadores criticam o atual governo de Joe Biden por utilizar a Usaid para promover uma “agenda cultural que apoia o aborto, o extremismo climático, o radicalismo de gênero e intervenções contra o racismo sistêmico”.

Segundo o Projeto 2025, a política de assistência de Biden teria deixado de lado exigências como reformas de livre mercado, o que contraria, segundo os conservadores, os valores americanos tradicionais. No entanto, o documento reconhece que a Usaid, presente na América Latina há 50 anos, desempenha um papel importante em áreas como preservação da Amazônia e assistência em desastres naturais, como as recentes enchentes que afetaram o Brasil.

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