Amanda Palmer quer o seu dinheiro. A cantora americana de 36 anos, também conhecida como Amanda Fucking Palmer, está sendo chamada de Futuro da Música. Ela conseguiu 1,2 milhão de dólares para lançar seu novo disco, que ficou em décimo lugar nas paradas dos Estados Unidos. Bissexual e casada com o autor de quadrinhos Neil Gaiman, Amanda conseguiu o dinheiro através do crowdfunding, a vaquinha virtual em que os fãs bancam o artista. Num tempo em que a indústria fonográfica soçobra lentamente por causa da pirataria e de seus altos custos, ela foi saudada como uma inovadora e um modelo de sobrevivência.
As doações vieram através do Kickstarter, um site que se define como uma plataforma de lançamento de projetos criativos. Foram 72 mil projetos inscritos até hoje e 370 milhões de dólares amealhados. Embora 12% não tenham recebido um centavo, 82% levantaram mais de 20% do que esperavam. Há trabalhos de moda, dança, design, fotografia, teatro… Amanda conseguiu 1 000% a mais do que pedia através de 25 mil doadores. Dois admiradores pagaram 10 mil dólares para jantar com ela e o marido. Depois de ser pressionada para prestar contas sobre o que faria com o dinheiro, ela avisou que pretende, entre outras coisas, pagar dívidas, organizar uma turnê, fazer um video etc. O álbum Theatre is Evil foi colocado de graça em seu site para que os interessados pagassem o que achassem justo.
Amanda não é nova nisso. Há três anos, faturou 20 mil dólares vendendo camisetas pelo Twitter. O caso dela não é muito diferente do do DJ Billy Van, que apareceu num levantamento recente como o nome mais pirateado do Brasil e o quinto do mundo. Billy Van, como já foi dito aqui, usou a pirataria a seu favor e, graças à popularidade alcançada com os downloads, conseguiu apresentações. Ao baixar o CD de Amanda Palmer, você lê uma declaração: “Eu acredito que a música deve ser tão gratuita quanto possível. Destrancada. Compartilhada e espalhada. Eu creio que, para que os artistas sobrevivam e criem, suas audiências precisam dar um passo à frente e apoia-los. Se você tem dinheiro, pense em quem você está ajudando com seu karma se ama mesmo esse trabalho. Amor, AFP”
Ah, sim. Se o disco é bom ou não? Amanda é uma vocalista talentosa, carismática e sexy e a banda The Grand Theft Orchestra é competente. Lembra bastante o No Doubt. Ela chama seu estilo de cabaret-rock. Letras sobre sexo, drogas, abuso, aborto etc. Julgue você mesmo. Não, ela provavelmente não é o futuro da música. Mas não resta a menor dúvida de que Amanda Fucking Palmer sabe como se fucking promover.