Ameaças de massacres alteram a rotina escolar e preocupam pais e alunos

Atualizado em 12 de abril de 2023 às 13:41
Pais e alunos na entrada de uma escola
Foto: Ed Alves/ CB/ D.APress

Mensagens, áudios e fotos com ameaças de ataques a instituições de ensino têm preocupado pais, alunos e  professores. Apesar dos indícios de alarme falso, esses conteúdos têm alterado a rotina escolar.

Uma mesma foto, de armas e facas dispostas em cima de uma cama, tem circulado entre grupos de mensagens. Professores relatam encontrar alunos chorando, pais que vão buscar os filhos na escola antes do horário e unidades de ensino que suspenderam atividades no pátio por medo de serem alvo de ataques.

Especialistas e órgãos de segurança, porém, afirmam que o monitoramento dessas mensagens indica que a maioria delas têm como objetivo criar pânico.

“Desde domingo (9) nosso monitoramento identificou uma explosão na circulação de mensagens com ameaças às escolas. Usam a mesma foto, só mudam o nome da escola, bairro ou cidade para ameaçar. Isso está gerando uma paralisação nas escolas”, afirmou a jornalista e pesquisadora Luka Franca, uma das autoras do relatório que foi entregue ao governo Lula de ações para prevenir atentados no ambiente escolar, à Folha de S.Paulo.

De acordo com ela, esse tipo de ameaça difere do comportamento observado nas situações reais de ataques, como o caso da creche de Blumenau (SC), na semana passada, que deixou quatro crianças mortas. “Os últimos casos que tivemos mostram que os autores se aproveitaram do elemento surpresa para vitimar mais pessoas. É esse objetivo deles: deixar mais vítimas. Já quem espalha essas mensagens quer criar pânico”, disse.

A creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), que foi alvo de ataque nao dia 5 de abril
Foto: Divulgação

Ainda que os elementos indiquem que os avisos são falsos, autoridades orientam que todas as ameaças sejam denunciadas à Polícia Civil e nos canais criados pelo Ministério da Justiça para que sejam investigadas. Quem produz e até mesmo quem compartilha esses conteúdos podem responder por contravenção.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que a Polícia Militar mantém contato com as direções das escolas e 566 policiais militares atuam no policiamento no entorno das unidades educacionais.

Ainda de acordo com a pasta, todos os casos de ameaça são investigados e as diretorias das escolas estão em alerta para qualquer denúncia, que, caso confirmada, será tratada em conjunto com a Vara da Infância e Juventude.

Mesmo com a orientação para manter as atividades normalmente, os alertas têm levado escolas e universidades particulares a adotar medidas que aumentem a sensação de segurança.

Um colégio de São Paulo, por exemplo, mudou o calendário de provas para não coincidir com o dia 20 de abril, data em que, segundo publicações nas redes sociais, são anunciados novos ataques. A data coincide com o massacre de Columbine que resultou na morte de 15 pessoas nos Estados Unidos em 1999, e o aniversário do ditador nazista Adolf Hitler.

Na capital paulista, instituições de ensino reforçaram a segurança, limitaram as visitas ao campus ou solicitaram reforço de rondas na região.

Escolas pedem aos responsáveis dos alunos atenção ao “menor sinal de comportamento não habitual” e comunicação com a escola, além de orientar seus filhos a utilizar as redes sociais de forma segura. Até o momento, nenhuma das unidades fala em suspensão de aulas.

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