Americanas: Em diálogo, diretor explica como funcionavam as fraudes em planilhas internas

Atualizado em 27 de junho de 2024 às 11:30
Lojas Americanas. Foto: reprodução

O parecer do Ministério Público Federal (MPF) no caso Americanas, que fundamentou a operação da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (27), detalha como as fraudes contábeis eram coordenadas entre diretores por meio de e-mails. Com informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.

A operação resultou na emissão de dois mandados de prisão contra o ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, e a ex-diretora Anna Ramos Secali, ambos fora do país. A PF também cumpriu mandados de busca e apreensão contra outros 15 alvos.

Um dos diálogos revelados mostra Marcelo Nunes, ex-diretor cuja delação é crucial na investigação, explicando a um colega como distinguiam os valores reais dos fraudulentos. A Americanas entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro do ano passado, após descobrir inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões nos balanços da empresa.

Em uma troca de mensagens pelo WhatsApp em dezembro de 2021, obtida pela investigação, o então diretor José Timotheo de Barros questionou Nunes sobre duas colunas com receitas e despesas em cores diferentes na planilha financeira da B2W, braço digital do grupo.

Nunes, então, responde: “A cinza é a vida como ela é. A branca com todas as esticadas [valores fraudulentos]”.

O MPF destaca em seu parecer que os valores entre as colunas são “absolutamente diferentes”. Na coluna “vida como ela é”, a receita líquida de novembro de 2021 foi de R$ 1.561.596. Após as “esticadas”, o valor saltou para R$ 1.946.097.

Fachada da Lojas Americanas — Foto: Divulgação
Fachada da Lojas Americanas — Foto: Divulgação

Para o MPF, esse diálogo evidencia a participação crucial de José Timotheo de Barros na elaboração das fraudes para manipular o mercado.

Vale destacar que as fraudes na Americanas vieram à tona em janeiro de 2023, durante a troca de gestão da empresa, quando foram descobertas “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões. Hoje, o valor já atinge R$ 25,7 bilhões.

No material que embasou a operação de hoje, o Ministério Público Federal descreve as práticas utilizadas na empresa e destaca que tinham dois objetivos principais.

“De um lado, um conjunto de manobras fraudulentas foi marcado pela inserção de receitas fictícias no balanço da empresa, bem como o uso de outros expedientes para maquiar os resultados. De outro lado, um outro conjunto operações foi realizado para gerar caixa, de forma a impedir que o primeiro grupo de manobras fraudulentas fosse descoberto”, diz em nota.

O MPF e a PF afirmam que as fraudes eram recorrentes, iniciando-se com a elaboração de um orçamento que servia como um alvo a atingir. Definia-se o resultado que a empresa deveria alcançar, como receita e lucro, e então eram produzidas operações fictícias, inclusive com falsificação de documentos, para alcançar o resultado desejado.

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