A investigação da Polícia Federal chegou ao nome do influenciador Renato Cariani por meio de depósitos de R$ 212 mil feitos por um amigo seu, Fabio Spinola. O repasse foi feito com dinheiro em espécie em nome da AstraZeneca à Anidrol, empresa da qual o fisiculturista é sócio.
O caso começou em 2017, quando a AstraZeneca foi notificada pela Receita Federal para explicar seus negócios com a Anidrol. O Fisco identificou dois repasses: um no valor de R$ 103,5 mil e outro de R$ 108,5 mil.
A empresa de Cariani também foi notificada e alegou que forneceu cloreto de lidocaína à AstraZeneca, substância usada pela farmacêutica e também faz parte da produção de crack. A Anidrol ainda mostrou trocas de e-mails de um suposto representante do laboratório, chamado Augusto Guerra, que seria o responsável pela negociação.
A AstraZeneca afirmou que Augusto Guerra não tem qualquer relação com a empresa, afirmou que nunca manteve “qualquer relação comercial” com a Anidrol e alegou que não faz pagamentos em espécie. O laboratório decidiu fazer uma denúncia à Polícia Federal sobre o caso em julho de 2019.
Após quebra de sigilo, a PF descobriu que Fabio Spinola, amigo de Cariani, foi quem se passou por representante da AstraZeneca. Ele também seria o responsável, segundo investigadores, por intermediar o esquema e direcionar as entregas a traficantes.
Em abril deste ano, Spinola foi alvo de operação contra tráfico de drogas deflagrada pela Polícia Federal do Paraná e solto recentemente, após conseguir habeas corpus.
Segundo a Polícia Federal, Cariani e seus sócios tinham “conhecimento pleno” dos desvios da Anidrol e “há diversas informações bem robustas nas investigações que determinam a participação de todos eles de maneira consciente”.
A investigação aponta que o esquema de desvios de substâncias químicas seria o suficiente para produzir 15 toneladas de crack. A PF solicitou a prisão do influencer, junto de três sócios, mas o pedido foi negado pela Justiça.