Mensagens interceptadas pela Polícia Federal revelam que um empresário próximo ao deputado federal bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO) alertou o parlamentar sobre irregularidades no uso de verbas públicas, indicando que recursos da Câmara foram empregados para financiar uma escola de inglês em nome do parlamentar.
A operação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), resultou em mandados de busca e apreensão nesta sexta-feira (25) e é apoiada pela Procuradoria-Geral da República, que considera as mensagens reforço para as suspeitas contra o deputado.
Em uma das conversas interceptadas, o empresário, descrito como “amigo próximo” de Gayer, relata preocupações a um secretário do deputado. “Ou seja, a escola tá sendo paga com recurso público e tá sendo usada pra um fim totalmente que tipo num existe, né. Num tem como ser assim e aí eles vão levando ou seja ainda não entenderam a gravidade, sabe. Moço pra esse povo já ter alguém ali na porta fiscalizando… filmando… vai ser igual o caso aquela mulher do Popular na Assembleia (SIC)”, afirmou o empresário, em referência a outro escândalo de uso indevido de verba pública.
O amigo do bolsonarista prosseguiu alertando sobre os riscos de a situação comprometer a imagem de Gayer: “O Gustavo hoje ele é uma vidraça, ele é um alvo e se for pra cima, moço, infelizmente a gente tá tipo errando nesse sentido, a gente tá pregando uma coisa e vivendo outra… infelizmente a gente tem muitas coisas erradas acontecendo aí”.
Segundo as autoridades, esses diálogos reforçam a hipótese de que Gayer utilizava recursos da cota parlamentar para manter atividades de caráter privado.
Moraes destacou em sua decisão que a PF encontrou indícios de que o deputado empregava recursos públicos para fins pessoais. “Os indícios colhidos pela Polícia Federal revelam que o Deputado Federal Gustavo Gayer teria empregado seus secretários parlamentares, remunerados com recursos públicos, para o desempenho de demandas privadas, bem como teria utilizado verbas públicas para manter, ainda que parcialmente, essas atividades privadas, uma vez que funcionariam em local custeado com verbas de cota parlamentar”, escreveu o ministro em seu parecer.
Em resposta, Gayer emitiu uma nota criticando a operação, descrevendo-a como um ato que “causa bastante estranheza” e atribuindo sua realização a interesses eleitorais locais. Segundo ele, a ação da PF interfere diretamente no cenário político de Goiânia, onde Fred Rodrigues (PL), seu aliado, disputa a prefeitura contra Sandro Mabel (União).
“Entendemos que ações deste tipo não podem ser deflagradas no ápice do processo eleitoral, posto que atos judiciários interferem diretamente na política local, o que coloca em xeque a seriedade das decisões”, argumentou o parlamentar bolsonarista.
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