Amorim critica falta de consenso na ONU e diz que Brasil quer ajudar “todos os afetados” pela guerra

Atualizado em 31 de outubro de 2023 às 19:06
Celso Amorim, durante sua participação no forum Brasil África. Reprodução

Celso Amorim, assessor de assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticou a falta de eficácia da ONU em alcançar um consenso no conflito entre Israel e Hamas. Isso aconteceu depois que os Estados Unidos bloquearam uma resolução proposta pelo Itamaraty relacionada ao conflito.

Amorim participou do evento Brasil África 2023 e considerou grave o impasse no Conselho de Segurança, que não conseguiu chegar a um acordo desde os ataques do Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de janeiro. O Brasil presidiu o Conselho durante este mês e será substituído pela China amanhã.

“Raramente vi uma situação tão séria na ONU como a que estamos enfrentando agora”, declarou Amorim ao final do evento, cujo propósito é fortalecer as relações comerciais do país com o continente africano. Ele observou que a polarização entre diferentes atores internacionais dificulta a obtenção de qualquer tipo de consenso.

Amorim também enfatizou a importância dos esforços brasileiros para aprovar uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que defenda “todos os afetados na região”, mencionando a crise humanitária na Faixa de Gaza e os israelenses que sofreram um ataque com “características terroristas”, sem mencionar explicitamente o grupo terrorista Hamas.

Bombardeio na Faixa de Gaza. Foto: Mahmud Hams/AFP

Sobre a derrota no Conselho de Segurança em 18 de janeiro, a diplomacia brasileira conseguiu o apoio de 9 dos 15 membros do Conselho para um projeto que previa pausas humanitárias no conflito e condenava os ataques terroristas.

O veto dos EUA ocorreu devido à ausência de menção ao direito de autodefesa de Israel, apoiado por Washington.

O Brasil tem tentado atuar como mediador na crise desde o início do conflito, embora sem sucesso. A hesitação do governo em condenar explicitamente o Hamas pelos ataques terroristas tem gerado desgaste, assim como declarações improvisadas do presidente Lula sobre a resposta de Israel aos ataques, que ele qualificou como genocídio.

Amorim também destacou a necessidade de priorizar a questão humanitária no conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas.

Ele mencionou os esforços do governo Lula para permitir que os brasileiros que estão na Faixa de Gaza possam deixar a área pela fronteira com o Egito. Alessandro Candeas, embaixador brasileiro nos territórios palestinos, mantém contato com os brasileiros em Gaza diariamente.

Amorim ressaltou que, no evento, enfatizou que o continente africano deve ser uma prioridade na política externa do governo Lula em 2024. Ele destacou o aumento do número de embaixadas do Brasil na África, passando de 18 para 37, e o crescimento do comércio durante as gestões de Lula na presidência.

O ex-chanceler mencionou a visita de Lula ao continente africano em agosto, que incluiu passagens pela África do Sul, Angola e São Tomé e Príncipe. Amorim também expressou a disposição do Brasil em contribuir para a negociação de paz entre Rússia e Ucrânia, destacando a tradição diplomática do Brasil e seu desejo de ajudar na busca pela paz.

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