O presidente eleito Lula anunciou nesta quinta-feira (29) os 16 nomes restantes para a Esplanada dos Ministérios e a pasta do Esporte ganhou o nome da ex-jogadora de vôlei Ana Moser.
Medalhista olímpica em Atlanta-1996, onde, ironicamente, era companheira de equipe da hoje bolsonarista e propagadora de teorias falsas Ana Paula Henkel, Ana, uma das 11 mulheres que serão ministras do novo governo, sempre foi uma militante da causa esportiva e sempre defendeu o esporte como ferramenta de inclusão social.
Após encerrar a carreira como atacante nas quadras, Ana Moser se dedicou ao Instituto Esporte e Educação, ONG fundada por ela em 2001, que atende crianças, adolescentes e professores de educação física em locais com falta de estrutura e baixo nível socioeconômico. Em órgãos de estado, Ana foi diretora do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP) da Prefeitura de São Paulo.
Ana também comandou a ONG Atletas Pelo Brasil e articulou, como representante da sociedade civil a Lei Geral do Esporte, que está sob análise no Senado e que deve ganhar fôlego com a nova ministra, que é uma defensora da entrada do poder público de forma maior na estrutura do esporte brasileiro.
O Ministério do Esporte durante os governos Lula e Dilma recebeu grande aporte financeiro, mas esse dinheiro acabou sendo usado para atletas de alto nível (com a criação do Bolsa Atleta e o curioso convênio com as Forças Armadas, que patrocina até hoje atletas olímpicos que hoje têm patente militar) e para grandes eventos, com destaque para os Jogos Pan-Americanos de 2007, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, do que para o uso da atividade esportiva como poder transformador.
A escolha de Ana Moser, confirmada por Lula hoje, faz parte de uma ideia de biografia do presidente eleito. Assim como os nomes de Sílvio Almeida (Direitos Humanos), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança Climática), o nome da ex-atleta dentro do âmbito esportivo sempre foi ligado a questões de responsabilidade social e inclusão, além de prestígio junto à comunidade internacional.
Com Ana Moser no comando do Esporte, o recado é claro: mesmo com a volta de aporte a atletas de alto nível, principalmente por meio do Bolsa Atleta, sucateado nos governos Temer e Bolsonaro, o foco agora é apostar na formação por meio de medidas que aliam a prática esportiva desde cedo às atividades educacionais. E tratar o esporte como política educacional é o recomendável pensando de médio a longo prazo, tanto para formar atletas de elite, mas principalmente, formar cidadãos.
Apesar do crescimento no quadro de medalhas nas duas últimas edições olímpicas (em Tóquio-2020 o Brasil quebrou o recorde histórico de premiações), o país não se tornou uma potência esportiva, mesmo tendo dimensões continentais. Tratar o esporte como ferramenta de inclusão e de educação é algo essencial para pensarmos em um futuro não só com resultados esportivos, mas de cidadãos melhores. E sim, essas duas coisas podem andar juntas. Dentro de um legado que Lula claramente quer deixar em seu mandato derradeiro, a escolha de Ana Moser para uma pasta tão importante, se mostra muito acertada.
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