No início de setembro, o Congresso Europeu de Cardiologia, realizado em Londres, trouxe importantes atualizações para o diagnóstico e tratamento da hipertensão, uma condição que afeta bilhões de pessoas no mundo. O evento marcou a divulgação de novas diretrizes que simplificam os critérios de pressão arterial e introduzem um tratamento mais intenso já nos estágios iniciais da doença.
Anteriormente, os cardiologistas utilizavam seis categorias para classificar a pressão arterial, que iam de “ótimo” até “hipertensão estágio 3”. As novas diretrizes simplificam essa divisão e criam a categoria “pressão elevada”, destacando a necessidade de tratamento em fases mais precoces, especialmente para pacientes com maior risco cardiovascular.
A hipertensão é um dos principais fatores de risco para doenças graves como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência renal, cegueira e até demência. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), uma pessoa morre a cada 90 segundos no Brasil devido a problemas cardíacos ou vasculares.
Apesar disso, muitos não sabem que são hipertensos. O médico Carlos Alberto Machado, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, estima que cerca de 1,2 bilhão de pessoas sofrem de hipertensão no mundo, e a maioria desconhece o diagnóstico.
“O grande problema é que mais da metade nem sabe que é hipertensa. Entre aquelas que sabem, só metade faz o tratamento. E entre quem faz tratamento, apenas metade tem a pressão controlada”, alerta o especialista.
O cardiologista Fábio Argenta, da SBC, informa que o Brasil já está adaptando suas diretrizes de hipertensão, com previsão de lançamento em 2025. Segundo ele, o país deve seguir a linha das orientações europeias. “Precisamos levantar a bandeira de que o adequado não é mais o 12 por 8. De agora em diante, é preciso estar de 12 por 7 para baixo. Esse é o novo normal”, afirma.
O médico Luiz Bortolotto, do Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, vê com cautela a criação da categoria “pressão elevada”, destacando que pode gerar confusão tanto para pacientes quanto para profissionais. “Eu particularmente gostava mais da classificação anterior, pois entendo que termos como ‘pré-hipertensão’ são mais fáceis de compreender e de gerar um alerta.”, diz ele.
As novas diretrizes também reforçam a importância de mudanças no estilo de vida para controlar a pressão arterial, como manter o peso adequado, adotar uma dieta equilibrada, praticar exercícios físicos, evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool e reduzir o sal.
Entre as novidades, está o aumento da ingestão de alimentos ricos em potássio, como frutas e verduras, e a inclusão de treinos de resistência muscular, que ajudam na saúde dos vasos sanguíneos.
Além disso, o tratamento medicamentoso foi intensificado. A recomendação é iniciar a terapia com dois medicamentos de classes diferentes para garantir um controle mais eficaz da pressão. Essa abordagem, segundo Machado, pode controlar até 60% dos casos de hipertensão, e a combinação de três classes de medicamentos eleva esse índice para 90%.
As diretrizes também reforçam a necessidade de monitorar a pressão arterial fora do consultório, seja em casa com aparelhos como o MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial) ou o MRPA (Medição Residencial da Pressão Arterial). Esses métodos ajudam a confirmar o diagnóstico e garantem um acompanhamento mais preciso dos níveis de pressão.
Conheça as redes sociais do DCM:
⚪Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
?Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line