A cantora Anitta deu uma resposta contundente às patrulhas que a acusam de apropriação cultural por ter aparecido com dreadlocks.
Na Bahia, onde está se apresentando no Carnaval, falou a um repórter da Folha: “No Brasil, ninguém é branco. E cada um deve se vestir da forma que se sente bem”.
Anitta não é nenhum exemplo de ativista. Longe disso, aliás. Afinou o nariz assim que começou a ganhar dinheiro a sério — mas está assumindo, com tranquilidade, que não é branca e, portanto, suas tranças no cabelo são “legítimas”, se é esse o problema.
Não há arianos no país, mas nós temos legiões invencíveis de racistas dentro do armário que surtam, por exemplo, quando encontram o porteiro no shopping.
Anitta não sabe, mas está repetindo Chico Buarque.
Num vídeo de 2008, Chico dá sua visão sobre racismo e sobre o Brasil a partir de um caso de discriminação que sua família sofreu depois que uma de suas filhas se casou com Carlinhos Brown e com ele teve um filho.
“Pensam que eu sou branco, por exemplo. Só no Brasil que eu sou branco, ou que minha filha é branca”, diz ele. “Um dia eu falei brincando que ninguém no Brasil é branco, a não ser a Xuxa e, se ela não casar com o Tafarel, vão acabar os últimos brancos brasileiros”.