A proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de que a Ucrânia abrisse mão da Crimeia para selar paz com a Rússia, não é nova. Uma versão similar a essa sugestão já havia sido apresentada por mediadores da cúpula da ONU, e foi recusada.
Na última quinta-feira (6), o chefe do governo brasileiro declarou que a região anexada pela Rússia em 2014 poderia permanecer sob o controle de Moscou, porém, o governo ucraniano negou a ideia imediatamente. As autoridades locais argumentaram dizendo que não havia qualquer razão legal para aceitar algo assim.
Segundo relatos internos na ONU, em informações divulgadas pelo UOL, houve um esforço nos bastidores para oferecer uma mediação que caminharia nesse sentido, mas a ideia não foi bem vista em Kiev nem em Moscou.
A base do projeto previa três pontos: transformar a Ucrânia em país neutro, mas permitir que seja um país armado, manter a região de Donbass na Ucrânia e congelar a crise na Crimeia. Dessa forma, Kiev teria seu exército, mas não faria parte da OTAN, Donbass teria mais autonomia e a Crimeia não seria reconhecida internacionalmente como parte da Rússia, mas seria controlada e administrada por Moscou.
Uma análise interna da ONU enxerga 2023 como um “ano dramático”, já que não há espaço para mediadores na guerra entre os dois países. Fotos de satélites da organização revelam que os russos montaram uma ampla proteção de seus territórios conquistados no sul, o que dificulta a retomada por parte de Kiev dessas regiões. Nos bastidores, acredita-se que esse cenário, se for confirmado, terá um “impacto devastador para a economia global”.