Nesta sexta (17), a Anvisa soltou uma nota de repúdio contra a ameaça de Bolsonaro. Na última quinta (16), ele afirmou que iria expor os nomes dos servidores que aprovaram o uso da vacina Pfizer para crianças de 5 a 11 anos. O tom usado pelo presidente foi de ameaça.
“Em outubro do corrente ano, após sofrer ameaças de morte e de toda a sorte de atos criminosos, por parte de agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças, esta Agência Nacional se encontra no foco e no alvo do ativismo político violento”, diz trecho da nota.
“A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explicita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão”, afirma o órgão em outro trecho.
O comunicado foi assinado por Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa. Também se manifestaram através da carta os diretores Cristiane Rose Jourdan Gomes, Romison Rodrigues Mota e Alex Machado Campos.
Confira a nota na íntegra abaixo:
“Em relação às declarações do Sr. Presidente da República durante “Live” em mídia social no dia 16 de dezembro de 2021 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária comunica:
A Anvisa, órgão do Estado Brasileiro, vem a público informar que seu ambiente de trabalho é isento de pressões internas. E avesso a pressões externas.
O serviço público aqui realizado, no que se refere à análise vacinal, é pautado na ciência e oferece ao Ministério da Saúde, o Gestor do Plano Nacional de Imunização – PNI, opções seguras, eficazes e de qualidade.
Em outubro do corrente ano, após sofrer ameaças de morte e de toda a sorte de atos criminosos, por parte de agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças, esta Agência Nacional se encontra no foco e no alvo do ativismo político violento.
A Anvisa é líder de transparência em atos administrativos e todas as suas resoluções estão direta ou indiretamente atreladas ao nome de todos os nossos servidores, de um modo ou de outro.
A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explicita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão.
Antonio Barra Torres, Diretor-Presidente
Meiruze Sousa Freitas, Diretora
Cristiane Rose Jourdan Gomes, Diretora
Romison Rodrigues Mota, Diretor
Alex Machado Campos, Diretor”
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Servidores da Anvisa detonaram Bolsonaro após ameaça: “Método fascista”
Os servidores da Anvisa, por meio da associação Univisa, repudiaram a fala que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez durante sua tradicional transmissão ao vivo (live) de toda quinta-feira. Na de ontem (16), ele tentou intimidar os servidores. Cobrando que seja divulgado os nomes dos responsáveis pela autorização da vacinação em crianças de 5 a 11 anos.
Diz trecho da nota dos servidores:
“Nesse contexto, a intenção de se divulgar a identidade dos envolvidos na análise técnica não traz consigo qualquer interesse republicano. Antes, mostra-se como ameaça de retaliação que, não encontrando meios institucionais para fazê-lo, vale-se da incitação ao cidadão, método abertamente fascista e cujos resultados podem ser trágicos e violentos, colocando em risco a vida e a integridade física de servidores da Agência”.
Entenda o caso
Na sua live, Bolsonaro levantou dúvidas sobre a decisão da Anvisa de liberar a vacinação para as crianças. E, no sentido contrário ao incentivo pela imunização, ele disse que os pais devem avaliar se darão ou não a vacina. Além disso, aproveitou para ameaçar os servidores.
“Eu pedi, extraoficialmente, o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento de quem são essas pessoas. E, obviamente, formem o seu juízo”, relatou.
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