Cortejado para o cargo de vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, o senador Magno Malta (PR-ES) revela o que toda a extrema direita quer desesperadamente esconder: o inevitável naufrágio da candidatura do ex-capitão do exército.
Íntimos numa cruzada desenfreada em busca do Santo Graal da imoralidade pública, ambos possuem as credenciais necessárias para liderar o país rumo a abismos democráticos jamais explorados.
Portadores de discursos de ódio que fariam a elite nazista revisitar os seus métodos, nada mais natural que os dois reeditassem na campanha presidencial a parceria monstruosa que já protagonizam nos salões do Congresso Nacional.
O diabo é que no submundo da hipocrisia institucionalizada, interesses pessoais contam mais do que projetos coletivos. Ainda que esses “projetos coletivos” beneficiem exclusivamente uma “coletividade” previamente selecionada. Se é que me entendem.
Dessa forma, não precisou de muita reflexão para que Malta tomasse ciência de que estaria mais seguro tentando a sua reeleição ao Senado.
Das poucas coisas que hoje evitam que o parlamentar seja processado, condenado e preso pelos variados esquemas de corrupção dos quais é acusado, nada é mais efetivo do que o seu foro privilegiado.
Sabe o parlamentar capixaba que é infinitamente mais fácil ele continuar protegido pelo foro que o blinda se depender exclusivamente dos votos cativos que amealhou durante anos às custas de pregação falso-religiosa e charlatanismo barato no seu próprio estado.
Coisa muito diferente é arriscar tudo que construiu numa empreitada em que até o próprio Bolsonaro – nada obstante toda a sua obtusidade – começa a enxergar as dificuldades que já ora se apresentam.
Se com o PR a coisa já não é fácil, sem ele caminha para o impossível. Na sua forma “professoral” e “polida” de demonstrar o quadro de um PSL isolado, o milico se desespera:
“Vocês querem que eu fique sem televisão, é isso? Eles têm R$ 1,7 bilhão para me ferrar. Está todo mundo contra mim, o centrão e a esquerda, estou sozinho. É R$ 1,7 bilhão que vai ser usado pela campanha deles para dar porrada em mim. Eu vou ficar com 8 segundos de televisão e as mídias sociais? No facebook, até poucos meses, qualquer postagem chegava a 1 milhão, agora para chegar a 100 mil é um sacrifício”.
Quase dá pena do coitado. Nem os robôs de sua campanha estão dando jeito de impulsionar a sua candidatura.
Indiferente a todo o lamento do amigo, Magno Malta já negou ao seu partido qualquer possibilidade de entrar na peleja como vice, até porque se acha importante mesmo é no Senado. Diz ele:
“Tenho que avaliar é a minha importância e, na minha cabeça, sou importante é no Senado”.
Só na cabeça dele mesmo. Acredita nesse senhor quem realmente acredita que ele tenha alguma importância onde quer que seja.
Independentemente disso, a sua grande contribuição na corrida presidencial de 2018, além, claro, da ótima notícia que é ele próprio não participar dela, é ter, involuntariamente, deixado escancarado a canoa furada que é a candidatura Jair Bolsonaro.
Ver os dois afundarem juntos seria maravilhoso, mas ver um nazista afundar sozinho desprezado até pelos seus, é sempre um sopro de esperança por dias melhores.