O colunista do Estadão Ricardo Corrêa avaliou o impacto que o apagão em São Paulo pode ter na campanha de Ricardo Nunes, prefeito que concorre à reeleição. Mesmo ainda detendo o favoritismo apontado nas primeiras pesquisas do segundo turno, o jornalista diz que o prefeito “tem muito mais a perder”:
O apagão de energia em São Paulo, provocado sobretudo por quedas de árvores por toda cidade após a chuva da noite da última sexta-feira, 11, é um verdadeiro pesadelo ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), amplo favorito na disputa à Prefeitura de São Paulo.
Desde que a energia caiu e afetou mais de 1,6 milhão de clientes da companhia e ao longo das horas em que a energia não foi sendo restabelecida para a maioria dessas famílias, o prefeito foi cada vez mais sendo alvejado nas redes sociais. Tendo culpa ou não, o fato é que, estando no cargo, Nunes tem muito mais a perder que Guilherme Boulos (PSOL), que aproveita a situação para relembrar outra atuação do prefeito, no apagão de novembro do ano passado.
A situação é complexa. De um lado, a Enel tem uma concessão federal e, por isso, a Prefeitura tem pouco a fazer contra a companhia, que reiteradamente vem descumprindo indicadores de qualidade. (…)
De outro lado, o apagão levanta a questão sobre a qualidade do trabalho da poda de árvores na cidade. Também neste caso, a Prefeitura culpa a Enel, apontando que a empresa demora a cortar a energia para que possa haver a retirada de galhos pela cidade. Explicar isso ao eleitor, porém, é bastante complexo. Sobretudo se a resposta à queda da vegetação não é rápida. (…)
Mas também nas redes fica nítido que a população vincula o prefeito ao centro da discussão do apagão. Neste sábado, a palavra “Enel” era o terceiro assunto mais relacionado ao prefeito nas buscas no Google, atrás apenas dos nomes de Boulos e da palavra “prefeito”. (…)
Agora, a reação foi mais rápida e exposta. Em plena campanha eleitoral e com o adversário à espreita para fustigá-lo, situação fica mais perigosa.
A vantagem de Nunes é bastante grande, segundo mostraram as pesquisas Datafolha e Paraná Pesquisas. Assim, o prefeito não deixa de ser favorito por causa disso. Mas estar na TV e nas redes o tempo todo para tentar explicar que não tem nada a ver com o maior problema para mais mais de 1 milhão de famílias nesse momento certamente não é o que o prefeito esperava. O ideal era uma caminhada tranquila até o dia da eleição. Ao contrário, as agendas de sábado e domingo foram canceladas em prol dessa resposta via Prefeitura. (…)
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