O relator do processo em que será analisada a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avançou o sinal mais uma vez.
Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, João Pedro Gebran Neto calcula que, até 15 horas do dia 24 de janeiro, sairá o resultado do julgamento.
“A sessão começa às 8h30 com a leitura do relatório de Gebran. Depois, serão duas horas de sustentação oral do Ministério Público e dos sete advogados inscritos – cada um terá direito a 15 minutos. Só depois os três desembargadores votam”, diz a nota.
Como diria Garrincha, “faltou combinar com os russos”.
É que, por maior que seja a vontade de Gebran de entregar a cabeça de Lula em tempo recorde, ele não pode garantir que o julgamento terminará no dia 24.
Ele tem pressa, como se viu na análise do recurso.
Cem dias depois da publicação da sentença, Gebran já tinha seu voto pronto — amigo de Moro, antecessor dele na Vara Federal de Cascavel, já se sabe qual é sua inclinação.
O revisor do processo, Leandro Paulsen, também trabalhou rápido. Seis dias depois de receber o voto de Gebran e o processo, que tem mais de 250 mil páginas, ele concluiu seu trabalho.
Com isso, presume-se que Leandro Paulsen leu o processo num ritmo de 2 mil páginas por hora, sem dormir ou parar para comer, durante os seis dias ininterruptos.
Também dá para intuir — palavra em alta no Judiciário — como decidiu.
Resta o desembargador Victor Luiz dos Santos Laus, o terceiro a votar. Sobre este, mistério absoluto.
Por isso, ele pode pedir vista do processo, para estudá-lo melhor. Com os índices de temperatura e pressão em Porto Alegre, não é difícil acreditar que isso venha a ocorrer.
Serviria para descomprimir os ânimos e desmobilizar o movimento de apoio a Lula.
Mas isso é só um palpite.
Não é raro pedido de vista em julgamento da corte. De cada 4 processos da Lava Jato que chegaram lá, um teve pedido de vistas.
Na hipótese de pedido de vista, o processo pode voltar à pauta do colegiado na sessão seguinte.
Mas pode demorar mais. Em geral, desembargadores se dão os próprios prazos.
Nos casos da Lava-Jato no TRF4, o pedido de vista mais demorado levou cinco meses. O mais rápido, duas semanas.
O presidente do TRF-4, Carlos Eduardo Thompson Flores, tem pressa, mas não tem autoridade para ordenar que desembargadores trabalhem de acordo com a sua vontade.