Publicado originalmente pelo Brasil de Fato:
Por Pedro Stropasolas e Vanessa Nicolav
O Sistema Único de Saúde (SUS) passará por um dos maiores desafios desde sua criação: combater a pandemia do novo coronavírus, que já tem mais de 234 casos e outros 2.064 casos suspeitos em todo o Brasil.
Um dos pilares contra o avanço do vírus é a Estratégia de Saúde da Família, programa que, desde 1993, por meio do trabalho comunitário na atenção básica já erradicou doenças como o Sarampo e a Poliomelite.
Para a médica sanitarista e supervisora no Programa Mais Médicos na Grande São Paulo, Maria Célia Medina, apesar do sucateamento e da sobrecarga, o SUS está preparado e é a principal alternativa para milhões de brasileiros que terão que enfrentar o Covid-19.
“A gente acredita que agora essa pandemia pode ter o benefício dessa estrutura, apesar de que hoje a gente tem um SUS um pouco mais enfraquecido, com um número de profissionais reduzidos, a gente perdeu mais de 18 mil médicos do programa mais médicos”, explica Célia, que endossa o coro do Conselho Nacional de Saúde (CNS) pela revogação do teto dos gastos.
De acordo com estudo do CNS, a emenda já tirou R$ 20 bilhões do SUS, desde sua implantação em 2016 no governo de Michel Temer.
Segundo o Ministério da Saúde, a previsão é que o total de infecções pelo novo coronavírus aumente nas próximas semanas. Cidades como São Paulo e Rio de janeiro já registram a chamada transmissão comunitária, quando a trajetória dos contágios não pode mais ser rastreada. Em São Paulo, já são 152 o número de casos confirmados e 1.177 suspeitos.
Prevenção para reduzir danos
Com a possibilidade de transmissão comunitária, a estratégia do Ministério da Saúde agora é diminuir os danos que o vírus pode causar à população. Entre as recomendações está o isolamento domiciliar ou hospitalar para pessoas com sintomas da doença além da recomendação para que pacientes com casos leves procurem as Unidades Básicas de Saúde.
O Ministério da Saúde estima que, sem a adoção das medidas preventivas em todos os estados brasileiros, o número de casos da doença dobre a cada três dias. A nível mundial, já foram registrados mais de 142 mil casos da doença em pelo menos 118 países, com mais de 5 mil mortes.
“Por tudo que se tem estruturado no país na área da saúde eu acho que a gente vai conseguir lidar com a melhor maneira possível até diante dessas fragilidades. Se a gente não tivesse o SUS, seria muito difícil o Ministério da Saúde elevar, permeabilizar, capitalizar tudo isso no meio da população”, afirma Célia.