Apoio de Bolsonaro queima filme de Milei na Argentina, diz especialista

Atualizado em 23 de outubro de 2023 às 15:10
Jair Bolsonaro e Javier Milei. Reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos culpados por impedir que Javier Milei, candidato de extrema-direita, tenha avançado em primeiro lugar ao 2º turno das eleições argentinas. É o que acredita Andrei Roman, diretor-executivo da Atlas Intel, o único instituto de pesquisas que previu a vitória do peronista e atual ministro da Economia, Sergio Massa, na primeira etapa do pleito.

“A minha avaliação é que o apoio de Bolsonaro tira votos. Vamos adicionar essa pergunta na próxima pesquisa para testar a imagem do ex-presidente na Argentina. Não há apoio majoritário para o Bolsonaro naquele país. No caso do Bolsonaro, a rejeição se dá por conta de um governo considerado caótico, principalmente no contexto da Covid-19”, disse Roman em entrevista ao jornal O Globo.

Questionado sobre a postura de Eduardo Bolsonaro, deputado federal brasileiro e filho do ex-presidente, em relação à defesa do direito de posse de armas pelos cidadãos e sobre a entrevista que teve cortada em um canal de TV argentino, Roman afirmou que “a pauta armamentista é rejeitada no país”.

Além disso, o CEO destacou a dificuldade enfrentada pelos apoiadores brasileiros de Javier Milei ao tentar compreender que a pauta conservadora de costumes não necessariamente agrega votos para o candidato de extrema-direita no país vizinho.

“A Argentina é muito mais progressista que o Brasil, em termos de valores. Quase 70% do eleitorado apoia o casamento gay. Há temas que são capitalizados no Brasil por uma direita evangélica que, na Argentina, não existem, porque lá não há esse segmento. Isso é algo que os apoiadores brasileiros do Milei não entendem”, explicou Andrei Roman.

A análise sugere que o candidato de extrema-direita consegue se destacar no cenário político “por conta da insatisfação dos argentinos com um governo que cometeu erros no plano econômico e não por questões de valores sociais e conservadores”, concluiu o diretor da Atlas.

O primeiro turno das eleições presidenciais argentinas ocorrem no domingo (22). Apesar de uma ligeira vantagem de Milei nas pesquisas eleitorais, Massa conquistou a liderança do pleito.

No começo da campanha eleitoral, Milei reclamou das comparações com Bolsonaro. Ele afirmou que as comparações são “maliciosas” e feitas por pessoas que praticam uma política “suja”.

“Às vezes, algumas dessas comparações são feitas de forma maliciosa e com intenção política. Isso faz parte de como a política é suja e de como os conselheiros são sujos”, disse em entrevista ao programa “Comunidad de Negócios”, do canal LN+.

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