No dia 15 de março deste ano, uma mulher foi resgatada sob situação análoga à escravidão. Desta vez, uma idosa de 84 anos foi encontrada após 72 anos trabalhando como empregada doméstica para uma uma família no Rio de Janeiro.
O resgate foi feito pela Auditoria Fiscal do Trabalho no Rio e Ministério Público do Trabalho e do Projeto Ação Integrada. O Ministério Público do Trabalho no Rio informou que o procedimento para solucionar o caso está em tramitação.
Desde o resgate, ela está em acompanhamento em um abrigo público. De acordo com a fiscalização, ela começou a trabalhar na casa da família desde os 12 anos, migrando dos primeiros empregadores para a filha deles, O regime continuou até o ano de 2022, quando a idosa continuou realizando o trabalho de cuidadora de sua empregadora, filha do casal que ela iniciou o trabalho.
Segundo dados do Ministério do Trabalho e Previdência, essa é a mais longa duração de exploração de uma pessoa em escravidão contemporânea, desde que o Brasil criou o sistema de fiscalização para enfrentar esse crime, em maio de 1995.
“Em casos como este ouvimos sempre a afirmação de a vítima é ‘como se fosse da família’. Mas para essa pessoa da família não foi permitido estudo, nem laços de amizade externos ou mesmo conduzir a própria vida. Essa pessoa da família dorme em um sofá, em um espaço improvisado como dormitório em uma antessala do quarto da empregadora, de quem ela era cuidadora”, disse o auditor fiscal do trabalho, Alexandre Lyra, que coordenou a ação.
A idosa de 84 anos declarou à fiscalização estar preocupada com a empregadora, que ficaria sozinha e sem ninguém para cuidar dela e chegou até a pedir para voltar.
“No trabalho escravo doméstico, o abuso de vulnerabilidade é levado a um extremo que pode dificultar o reconhecimento da condição pelas próprias vítimas e mesmo a atuação dos órgãos de repressão. É importante a atuação do Estado para a necessária assistência e proteção a fim de que elas sejam acolhidas e possam sair dessa situação”, avalia o procurador do Trabalho, Thiago Gurjão.
“Ela não tem a noção que ela foi escravizada. Ela não tem. Ela não tem noção alguma disso”, afirmou Cristiane Lessa, assistente social e diretora do centro de recepção de idosos onde a mulher está abrigada.
Clique aqui para se inscrever no curso do DCM em parceria com o Instituto Cultiva
Participe de nosso grupo no WhatsApp clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link