Após o discurso de Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, em São Paulo, onde se referiu a uma suposta minuta do golpe, fontes da sua defesa argumentam que há uma “confusão na linha do tempo” e que o ex-presidente não confessou ter conhecimento do documento durante seu governo.
Segundo informações obtidas pela CNN, a Polícia Federal planeja incluir trechos do discurso de Bolsonaro sobre a minuta do golpe no inquérito em andamento. Para os investigadores, as declarações do ex-presidente indicam que ele tinha ciência do documento.
“Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha a santa paciência”, afirmou Bolsonaro durante o evento de domingo. No entanto, ele se recusou a prestar depoimento à PF alegando falta de acesso ao inquérito completo na quinta-feira (22).
“Deixo claro que o estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de o estado de sítio não ser considerado golpe, ninguém dos conselhos da República e da Defesa foi convocado para tramar ou colocar no papel a proposta do decreto do estado de sítio”, disse o ex-presidente, em discurso que foi entendido como prova contra ele pela PF.
BOLSONARO PRESO! Ex-presidente derrotado nas eleições de 2022 confessa para o Brasil todo que sabia da minuta do golpe que pedia a prisão do ministro Alexandre de Moraes e ainda dizque usou a constituição. Inacreditável!!! pic.twitter.com/YHsqOKO3HS
— O Progressista?? (@_progressista13) February 25, 2024
Segundo a CNN Brasil, fontes ligadas à defesa de Bolsonaro afirmam que ele só teve acesso às minutas após seu governo. Um print da suposta minuta, divulgado pela imprensa, teria sido enviado por WhatsApp a Bolsonaro por seus advogados, encontrando-se em seu escritório durante a Operação Tempus Veritatis.
“Todo esse material é posterior ao governo de Bolsonaro”, declarou uma fonte da defesa, que preferiu não se pronunciar oficialmente sobre o assunto.
Durante o evento na Paulista, Bolsonaro enfatizou que não deu seguimento às medidas previstas na minuta: “Deixo claro que o estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da defesa. Isso foi feito? Não”, ressaltou.
Nos bastidores, aliados políticos de Bolsonaro defendem a ideia de que o ex-presidente pode ter recebido sugestões de minutas de estado de sítio, mas não as implementou.
Além da minuta atribuída a Anderson Torres, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid afirmou, em delação, que Bolsonaro recebeu outra minuta, esta de autoria de Felipe Martins, também assessor do ex-presidente. Martins nega a existência desse documento, que não foi encontrado.