Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores e assessor especial da Presidência para assuntos externos, afirmou nesta sexta-feira (31) que a negociação não implica tomar partido. Ele fez essa declaração em resposta às críticas do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em relação à postura do Brasil no conflito com a Rússia. Com informações da Folha de S.Paulo.
Durante uma entrevista em Kiev a um grupo de jornalistas latino-americanos, Zelenski expressou perplexidade em relação à posição do governo brasileiro. “Não entendo, não entendo”, disse ele. Além disso, pediu a participação de Lula na cúpula de paz organizada pela Suíça, o que não deve ocorrer.
Na semana anterior, Celso Amorim e o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, emitiram um comunicado destacando a importância da presença de Moscou em quaisquer negociações sobre o conflito.
Amorim destacou que as conversas até o momento não produziram resultados e não irão produzir. “Quando se diz ‘é preciso negociar’, não estamos justificando os russos, não estamos tomando partido”, afirmou ele à Folha. Ele também afirmou que o comunicado assinado com o representante chinês envia uma mensagem “muito forte” à Rússia sobre a não utilização de armas nucleares como ameaça.
“Não entendo por que Zelenski chegou a essa conclusão, mas respeito e entendo, especialmente considerando o sofrimento ucraniano. Não se trata de tomar partido, mas sim da convicção de que a única saída é por meio de negociações”, acrescentou.
Amorim também mencionou Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, responsável por estabelecer relações com a China na década de 1970. “Kissinger não concordava em nada com a China. Estava no fim da revolução cultural e não concordava com nada. Mas começou a negociar porque era importante”, disse Amorim.