Após dois crimes políticos, prefeito de esquerda sofre atentado a tiros no Equador

Atualizado em 20 de agosto de 2023 às 13:32
Francisco Tamariz, prefeito de La Libertad, no Equador. Foto: reprodução

Francisco Tamariz, prefeito de La Libertad, denunciou ter sido alvo de um atentado por parte da Polícia Nacional do Equador na noite de sexta-feira (18). O suposta tentativa de assassinato seria um aumento no clima de instabilidade política às vésperas das eleições que ocorrerão neste domingo (20). La Libertad é um município costeiro localizado na província de Santa Elena. Um taxista filmou o momento em que o carro de Tamariz é perseguido.

O fato aconteceu depois da morte do então candidato Fernando Villavicencio, alinhado à direita e do líder Pedro Briones, do mesmo partido do ex-presidente Rafael Correa e de “Pancho” Tamariz.

“Tentaram me matar. Se o carro não fosse blindado, amigos equatorianos, eu não estaria aqui. Estaria impossibilitado de falar com vocês após ter sofrido cerca de 30 tiros direcionados ao veículo onde eu estava”, afirmou o prefeito, que pertence ao movimento Revolução Cidadã e apoia a candidatura de Luisa González à presidência.

O prefeito disse que dois homens saíram de “uma camionete branca, sem logotipo ou qualquer identificação da Polícia Nacional”, e começaram a atirar. “Eles não perguntaram nada e, em questão de segundos, começaram a disparar indiscriminadamente contra o veículo onde eu estava com minha esposa, minha comadre e meu compadre. Eles não questionaram quem estava presente, simplesmente começaram a atirar.” Ele enfatizou: “Foi um ato sem razão ou explicação alguma. Fugir foi a decisão mais lógica num cenário de terror. Deus permitiu que sobrevivêssemos.”

Tamariz informou que os tiros foram direcionados especificamente na direção em que ele estava. “Não foi uma casualidade. Os disparos foram feitos na minha direção”, afirmou. “Convoco publicamente o presidente Guillermo Lasso e o ministro do Interior e os responsabilizo diretamente pela minha vida”, acrescentou o prefeito, que compareceu à coletiva de imprensa vestindo um colete à prova de balas.

Segundo informações do ComunicaSul, no Equador, a Polícia está diretamente subordinada ao governo central e tem sido alvo de denúncias contundentes por parte do movimento Revolução Cidadã e do ex-presidente Rafael Correa sobre seu suposto envolvimento com o narcotráfico.

O comandante da Subzona Policial de Santa Elena, Juan Carlos Soria Alulema, ao assumir que membros da força policial realizaram os disparos, alegou que a responsabilidade recaía sobre o prefeito, que teria evitado a abordagem policial e fugido.

“Solicitamos que os policiais se aproximem para estabelecer contato e realizar a primeira abordagem, mas eles arrancaram imediatamente”, disse o comandante. Ele responsabilizou o prefeito por “colocar em risco as pessoas que estavam a pé”. Os policiais alegaram ter sentido ameaça de serem atropelados. Segundo a versão da cúpula militar, diante da fuga, “os policiais tiveram que recuar e usar progressivamente a força, incluindo o uso de armas de fogo”.

Na quinta-feira, Jorge Glas, ex-vice-presidente de Rafael Correa entre 2013 e 2017, denunciou ter sido intimidado pela polícia judiciária durante sua primeira coletiva de imprensa. Vestidos de civis e usando crachás, os agentes afirmaram que tinham uma ordem de prisão contra ele. Glas afirmou temer pela sua vida e a de seus filhos.

O movimento Revolução Cidadã emitiu uma nota oficial expressando “solidariedade e forte repúdio à ação policial contra o prefeito e diretor da campanha do movimento na província de Santa Elena”. Além disso, condenou “a evidente perseguição ilegal ao ex-vice-presidente Jorge Glas e a intimidação por parte de policiais judiciários vestidos de civis em veículos com placas falsas”. O movimento destacou que está sendo vítima de uma deterioração total do Estado e enfatizou que “esse pesadelo logo chegará ao fim e os responsáveis terão que responder perante a Justiça”.

Desde o início do atual processo eleitoral, diversas lideranças políticas foram assassinadas, incluindo Agustín Intriago, prefeito de Manta; Fernando Villavicencio, candidato a presidente; e Pedro Briones, sindicalista e líder histórico do Revolução Cidadã.

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