O colunista do jornal O Globo Merval Pereira seguiu seu colega Fernando Gabeira, da GloboNews, e passou pano para a fuga do ex-presidente Jair Bolsonaro na embaixada da Hungria no Brasil. Em texto publicado nesta terça (26), ele diz “não ver crime” no episódio.
“Ainda não me convenci de que o fato de ter passado dois dias na embaixada da Hungria seja motivo de prisão. Evidente que fica claro que ele pensou em pedir asilo, mas é um direito dele; ninguém pode impedi-lo. Ele pode dormir onde quiser, na casa de quem quiser. É uma atitude lamentável, ridícula, que o incrimina, uma situação esdrúxula, mas não vejo implicação criminosa”, escreveu Merval.
Ele diz que é uma “situação esquisita”, mas que “as pessoas podem ir para onde for” em uma democracia. “A ideia de pedir asilo, por parte dele, é dizer que é um perseguido político, mas para a sociedade, é uma pessoa fugindo da justiça. Politicamente é ruim para Bolsonaro, mas não vejo crime neste caso”, prosseguiu.
A manifestação de Merval segue o que disse Gabeira na GloboNews nesta segunda (25). Ele afirmou que Bolsonaro “passava por um momento difícil” após ter seu passaporte apreendido pela Polícia Federal e defendeu que o ex-presidente tem “direito” de se esconder para não ser preso.
“Passado o período, viu que a coisa não aconteceu e foi embora. Mas ele entrou para se proteger de um possível pedido de prisão. Pode condenar, pode reclamar, mas é o direito da pessoa e não importa sua orientação política”, afirmou o comentarista na GloboNews.
Segundo imagens de câmeras de segurança divulgadas pelo New York Times, Bolsonaro se escondeu na embaixada da Hungria no Brasil após ter seu passaporte apreendido na operação Tempus Veritatis, no âmbito de inquérito que apura trama golpista para se manter no poder.
Apesar das avaliações de Merval e Gabeira, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que o caso poderia justificar sua prisão preventiva e discutem mandá-lo para a cadeia por entender que o episódio sinaliza uma tentativa de evasão do país.
Agentes da Polícia Federal também discutem pedir medidas cautelares contra o ex-presidente. Membros da corporação cogitam pedir para que ele seja obrigado a usar tornozeleira eletrônica.