“Aquilo foi terrível”, diz Djavan sobre boatos de que era bolsonarista

Atualizado em 2 de junho de 2024 às 9:32
Cantor Djavan. Foto: Gabriela Schmidt/Divulgação

Em um dia tranquilo em São Miguel dos Milagres (AL), Djavan se viu diante de um convite inusitado: ser ministro da Cultura no governo de Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o cantor revelou a sondagem para comandar o ministério.

O artista foi procurado por Gilson Machado, sanfoneiro que presidiria a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) e comandaria o Ministério do Turismo durante o mandato do ex-mandatário, no final de 2018. O aliado de Bolsonaro queria saber o que Djavan achava da ideia.

“Eu acho péssimo. Eu não quero ser ministro de nada”, disse o cantor à coluna, relembrando a resposta que deu ao sanfoneiro. “Trocamos mais quatro ou cinco palavras, e ele foi embora um pouco decepcionado. Nunca mais me voltou o assunto. E nunca mais o vi por ali também”, continuou.

Djavan afirmou ter temido a possibilidade de um retrocesso antidemocrático no governo Bolsonaro. “Eu sentia muito medo com relação a tudo isso. Mas, graças a Deus, conseguimos nos livrar dessa ideia louca que alguns tinham”, disse.

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Wagner Meier/Poder360

“Por mais dificuldade que o Brasil tenha hoje, ele é uma democracia. E só numa democracia você pode vencer as dificuldades inerentes a um Estado democrático. Quando você vive na ditadura, a dificuldade é a própria vida”, acrescentou o artista.

O cantor também recordou os boatos de que era bolsonarista. “Aquilo foi terrível. E aí eu descobri também coisas importantes: desmentir, na internet, não existe. Quanto mais você desmente, mais aquilo ganha força. O que vale para as pessoas é questionar alguém que não tem culpa no cartório”, afirmou.

Djavan disse ainda estar otimista com os avanços em relação à pauta racial. “Hoje, quando eu vejo a televisão coberta de atores negros, sinto uma alegria tão grande. Isso é a refundação de valores”, destacou.

“A televisão descobriu o negro. Quando isso começou, uns cinco anos atrás, eu ficava torcendo para que não fosse um modismo. Pelo quanto isso se manteve, estou vendo que não. Descobriram agora que o negro é capaz, é talentoso e é bonito”, completou.

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